terça-feira, 28 de outubro de 2008

Presente de Aniversário

Não é de hoje que os meus amigos, conhecidos, colegas de trabalho, vizinhos, o ascensorista do elevador (se isso ainda houvesse) e a copeira do trabalho sabem: está chegando meu aniversário. Sim, os tais famosos 40 anos estão por vir. Contagem regressiva para a data redonda, zilhões de planos pra nova etapa da minha vida, onde de prático pouco ou nada vai mudar. Ou muda tudo, mas à todo instante, a gente nem percebe e quando se dá conta, está completamente diferente. Não importa. O tema não é esse. Quero falar de presente. Todos os listados acima e também a torcida do flamengo sabem que eu adoro ganhar presente. Nenhuma culpa quanto à isso. Presente é um carinho na alma e não necessariamente está ligado à coisas materiais. Presente é ganhar algo que você queria muito ou coisa que você nem sabia que queria tanto, mas que quando ganha faz abrir um sorriso do tamanho da sua vida. O melhor presente que eu poderia receber esse ano, talvez um dos melhores que eu posso vir a receber em toda a minha vida, eu ganhei hoje. Adiantado!!!! Quer coisa melhor que presente adiantado? Curiosos? Segue então a pequena história....

Metade do primeiro semestre letivo. Chegam em casa, esbaforidos como de costume, os quatro moleques.

- Pai, vai ter olímpiada de astronomia de novo esse ano!

A Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, conhecida entre eles como OBA, é um concurso promovido pela Sociedade Astronômica Brasileira e pela Agência Espacial Brasileira. O objetivo principal é difundir entre alunos do ensino fundamental o gosto pela astronomia. Em outras palavras, ensinar aos moleques o que verdadeiramente existe entre o céu e o mar nas noites estreladas e durante os dias ensolarados de verão.

- Pai, você deixa a gente fazer? Tem que entrar no site. Tem que ir na aula que vai ter na escola. A aula é de tarde. O Célio leva. Tem que baixar o material no site. Tem que estudar. Tem que fazer experiência prática. Tem que fazer prova. Pai, será que eu vou ganhar? Pai, será que tem prêmio? Pai, vc deixa? Pai, eu quero!

Não é música do Titãs, mas era tudo ao mesmo tempo agora. E pra ontem, como de costume! O objetivo é louvável. O interesse legítimo (muito embora por trás de tudo, estivesse o dvd player portátil que o vizinho, campeão da mesma olimpíada no ano passado, ganhou). A logística, um pouco problemática. Mas tudo isso junto me pareceu uma boa oportunidade de deixá-los fazer algo, do início ao fim, por conta própria. Eu ensino a pescar. Se virem.

- Pai, eu tenho aula hoje na escola e tenho Marcela também!

Marcela, é uma santa criatura que ajuda o Bê, na procura pela ordenação de letras e números. No meio disso tudo, ajuda ele nos deveres de casa. Faz ele pegar no tranco. Se interessa sobremaneira pelo sucesso desse garoto.

- Bernardo, como você vai fazer essa prova, filho? Você não sabe ler...você já tem tanta atividade...não dá conta dos deveres...e ainda por cima, perder aula com a Marcela???!!!

Cara de gato de botas. Só ele sabe fazer essa cara!

- Olha só, eu tô cansado! Cansado de vocês demandando tudo da gente! Cansado das brigas! Cansado de ter que comprar tudo! Cansado de ir atrás de tudo! Querem participar dessa olimpíada? Se virem. Não vou mexer um músculo. E você Bernardo, se quer fazer, se vira também!

Entre planos daqui e de acolá, ouvi vários menções às aulas. Aos exercícios. Às apostilas que eles não leram. Ou pelo menos que eu tenha sabido. Sei que a mãe, sempre a mãe, andou ajudando. Baixou um material do site do projeto. Também acho que não mais que isso.

- E aí? Como foi a prova do Oba?

- Foi legal. Eu saí primeiro. Ele saiu depois. Não. Fui eu quem saiu primeiro. Não. Foi ele. O fulainho saiu antes.

E antes que virasse briga, eu dei o assunto por encerrado e continuei tocando a vida. Tá certo. Devo confessar que fiquei pensando em como eles tinham ido nessa prova. E não vou negar: como o Bernardo teria feito uma prova de astronomia, quando ele não conseguia ler quase nada e não entendia o que lia.

O assunto acabou perdido no embalo da vida louca vida que rola lá em casa.

Final de semestre letivo. Reunião multidisciplinar com a equipe que ajuda o Bernardo. Coordenadora pedagógica, professora, professora auxiliar, fonoaudióloga, psicomotricista e professora particular. Eu e Renata. Um verdadeiro comitê. Um exército lutando junto contra uma coisa que a gente não sabe bem o que é, que deve ser a tal da dislexia, que não deixa o Bernardo ser como as outras crianças na sala da aula, mas que seja o que for, tá perdendo feio dessa turma que não está aqui pra perder nada!

Discutidos todos os assuntos, avaliado o comportamento dele, os resultados cognitivos, pedagógicos, comportamentais, sociais e curriculares, e tendo dito que ele estava indo, a coordenadora diz assim do nada:

- Ah, teve a Olimpíada de Astronomia. A gente queria falar sobre isso!

Cacete. Eu sabia que ele não ia conseguir. Como a gente permitiu isso. Expôs o garoto à toa. Se não podíamos ajudar, se não estávamos afim de ter mais essa responsabilidade, não devíamos ter deixado ele fazer a inscrição. Não. Não dava pra deixar ele faltar todas as aulas com a Marcela. Ia acabar prejudicando o rendimento dele na escola, e tudo isso pra quê? Ele não ia fazer essa prova mesmo. Por isso ele não veio em todas as aulas preparatórias pra olimpíada. Mas a gente resolveu deixar. Até pra ele perceber, quando se visse frente à uma prova que não lhe foi imposta mas que ele queria prestar, a importância de ler e escrever. Quem sabe isso não lhe daria motivação e diminuiria as birras constantes. Pronto. Agora já foi. Aprendemos a lição. E então, o que houve? Olha, antes de vocês falarem eu gostaria de colocar que a gente não mexeu uma palha pra isso, viu? A gente resolveu deixar por conta deles, absolutamente tudo que dissesse respeito. Já chega, né? Vocês hão de convir que já é coisa demais. Não nos responsabilizem por nada. Mas enfim, e a olimpíada?

- O Bernardo ficou em segundo lugar!

O queixo parou no chão. A lágrima foi correndo tentar buscar.

- ??????

- Ainda precisamos da validação dos organizadores, mas o Bernardo ficou em segundo lugar na categoria dele. Sim. Também foi uma surpresa pra gente.

Até eu me surpreendo com o tamanho do significado disso pra mim. A sensação de estar no caminho certo e de tudo ter valido à pena. De ser recompensado por cada minuto da nossa vida que foi empreendido na vontade de fazer acontecer e não se conformar com que o nos foi apresentado. De acreditar, mesmo quando a gente não levava a menor fé. A vitória do time azarão é muito mais gostosa. É como ganhar a Copa do Mundo. De rúgbi!

- A gente precisa celebrar isso. Ele precisa ser valorizado. Vai ser feito algum anúncio?

Eu só pensava na carinha dele, quando ele olha prum lado e pro outro, dá um sorriso meio sem prumo, como se risse pro nada e pra dentro. Só pensava nele indo receber o prêmio que fosse. E a escola inteira aplaudindo. Pensava na nossa cara de bobo. E ali, naquele minuto, eu queria a família toda lá. Todos os amigos. Os nossos, os dele, os dos irmãos. Queria também a Eli, que cuida dele desde sempre. Todos os médicos. Todos os terapeutas. Se assim fosse possível, queria todos os exames, os remédios, queria todos os minutos da vida dele que ele passou fazendo algum exercício, queria todas as horas que ele deixou de brincar com os irmãos, queria as professoras que não enxergaram seus problemas, queria as que enxergaram e queria, principalmente, as que enxergaram e resolveram que aquilo não seria problema nenhum.

- Vamos esperar o resultado oficial e depois programaremos algo.

Parecia que eles não estavam certos do resultado. Ou parecia que a gente achava que em algum momento iam perceber que a nota não era bem aquela.

Férias de meio de ano. Início do segundo semestre. Final do segundo trimestre letivo. Fim de ano chegando. Bernardo fica ou sai da escola? Bernardo tá bem? Ele vai acompanhar o próximo ano? Ele já tá lendo. Ele tá indo muito bem nas outras matérias. Só falta escrever. Que letra, hem?

28 de outubro. Sol escaldante. Acho que Deus resolveu descongelar Brasília no microondas. Potência máxima. Meio dia. Hora de buscar as crianças na escola.

- Pai, o Bernardo ficou em segundo lugar no OBA.

- Quem te disse, filho?

- Pai, a minha professora distribuiu o resultado.

Pronto. E a surpresa? E o anúncio que a escola programara fazer? Nas minhas mãos. Como uma fria tabela estatística. O meu presente de aniversário adiantado. Bernardo Sanchez Pinheiro. Nível 1. Nota 8,5. Segundo lugar.

Mas, e a surpresa? O roteiro, às vezes, é readaptado. E ninguém nem percebe a diferença.

O caminho pra casa foi um sem fio de festejos. Eu tentei explicar pros quatro, a dimensão daquilo pra todos nós. Eram duas frases e uma pausa. O choro da emoção interrompia a fala. E eles entendiam aquela emoção. O Bê tava meio anestesiado. Não acreditava ainda. Ou, o que pode ser bem provável, não entendia o porquê do auê, se ele não via nada de tão absurdo. Ele só respondeu umas perguntinhas. Meu coração apertado de alegria e de ansiedade pra dividir com a Renata aquilo. Quando a gente não está junto nessas horas, parece que as verdades não são inteiras.

Meu filho, veja só como tudo valeu à pena. E como é importante continuar o esforço. Viu como é importante fazer os deveres? Se esforçar pra ler? Viu como é por isso que o papai insiste e dá bronca quando você faz corpo mole? Um discurso infinito e politicamente correto que queria traduzir tão somente: Filhooooo, você é demais!!!!!!!!!

O menino que lê emoções, parece que entende de estrelas também. O menino que lê emoções, mais uma vez, me fez o pai mais feliz e realizado do mundo.

Obrigado, Màrcia Moreira. Você sempre falou que o Bernardo ia se dar muito bem na vida e nunca acreditou que ele estivesse dando tudo que podia.

Obrigado, Mariane. Você fez do SEU ALUNO, um vencedor.

Obrigado, Bartira, Mônica e Marcela. O envolvimento de vocês nessa luta é fundamental pra gente receber notícias como essas. Deus permita que possamos todos continuar ajudando o Bernardo a virar essas páginas e partir pros outros capítulos.
Obrigado, Mãe. Acredite. Você fez a diferença nesse ano que está acabando.
Obrigado, João, Pedro e Cezar. Sem que vocês percebam, nos mínimos gestos e frases que colocam, vocês empurram o Bernardo pra frente.
Obrigado, Bela. Eu não podia escolher uma parceira melhor pra construir essa história. Você é o nosso eixo. Eu te amo.

E obrigado, Bêêêêê!!!! Por você ser desse jeitinho que você é! E por me fazer te amar tanto e tão incondicionalmente! Pé na tábua, filhão! Você vai muito longe!







quarta-feira, 24 de setembro de 2008

10 coisas que eu sempre sonhei fazer....e fiz!



  1. Ver um show do U2.

  2. Caminhar no Central Park em Nova York.

  3. Ir à Disney.

  4. Levar meus filhos na Disney.

  5. Casar com a mulher da minha vida.

  6. Assistir ao Cirque du Soleil.

  7. Ver um desfile de escola de samba no Rio de Janeiro.

  8. Morar no Rio de Janeiro.

  9. Correr na praia em Ipanema.

  10. Passar um reveillon em Copacabana.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

10 motivos pra amar Brasília!



1 - A vista da Ponte JK, descendo dos condomínios da ESAF.

2 - Malhar de manhã cedo, buscar as crianças na escola, almoçar em casa e trabalhar bastante...tudo num só dia!

3 - O respeito pela faixa de pedestres.

4 - A lei que proíbe o cigarro dentro dos restaurantes.

5 - O parque da cidade.

6 - O Pontão.

7 - O lago, visto de qualquer lugar num dia de sol.

8 - Os ipês.
9 - O azul do céu.
10 - O pôr-do-sol no Eixo Monumental no auge da seca.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

10 comidas que dão saudade na boca!




Uma boa maneira de manter o blog atualizado, mesmo quando os assuntos não rendem são as listas. Proponho uma brincadeira aos meus pouquíssimos leitores: de vez em quando vou publicar uma lista por aqui e aos que quiserem, peço que cliquem em comentários e publiquem as suas, sobre o mesmo assunto, que tal?


Pra começar, a lista das 10 comidas que dão saudade na boca:


1 - Bolo Moca da minha tia Ilza;


2 - Bacalhoada da minha mãe;


3 - Risoto caipira da Renata;


4 - Sorvete de creme com calda de chocolate, também feito pela minha mulher;


5 - Cocada vendida no horto em Itaipava;


6 - Camarão com Catupiry da Balu, uma doceria que tem em Fortaleza;


7 - Um croissant quentinho que a gente comia em São Francisco, numa padaria de uns chineses;


8 - Paella do Don Curro, São Paulo;


9 - Sorvete do Freddo, em Buenos Aires; e


10 - Feijoada da minha sogra.

P.S - A ordem em que se apresentam, não implica em nenhuma classificação!!!


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Dizer EU TE AMO, não tem preço!


Não existe uma fórmula para casamentos felizes. Aliás, eu diria que não existe fórmula para nenhuma relação feliz. Seja de amizade, esportiva, profissional ou comercial. A felicidade acontece por uma confluência de situações, que no meu caso podem ser uma e no casal da mesa ao lado, outra absolutamente distinta. Mas acho que é preciso se atentar para alguns detalhes, que se não são garantia, podem ajudar bastante numa relação sadia e duradoura .



Ontem foi dia dos namorados e eu passei a semana tentando observar os comportamentos. Nenhuma pesquisa científica, mas quem lê isso aqui sabe que eu gosto de sentar e ver o mundo passando na minha frente. Alguns podem chamar isso de curiosidade, abelhudice. Eu chamo de banco de dados para um livro que um dia talvez eu escreva. Mas o fato é que as pessoas estão cada vez mais avessas à rituais e celebrações. Não estou falando obviamente de milhares de casais de namorados, jovens de vinte e poucos anos, amantes em ebulição, gente que tá naquela fase maravilhosa da paixão onde tudo é motivo para júbilo e festa. Falo de casais. Com todas as vogais bem abertas e em letra maiúscula. Gente que vê o par como companheiro de estrada. Gente que já alicerçou a obra. Gente que já colocou o burro na sombra.



Não quero aqui defender nenhuma bandeira, muito menos a minha. Mas acho que temos que prestar mais atenção no outro. Dar um passo à frente e considerar sim, que datas comemorativas levam essa alcunha porquê foram feitas para celebrar algo. Se inventadas com fins comerciais ou não, se significam muito ou quase nada, elas estão lá. Como a Páscoa, o Natal e o dia das Mães. O que custa comemorar? Perder um tempo, mínimo que seja, pra escrever um cartão. Pensar numa roupa diferente. Tanta coisa pode ser feita, sem sequer se gastar um centavo. Se você não liga pra isso, porquê achar que o par também não? Na dúvida, custa alguma coisa? Na pior das hipóteses, você vai ver um sorriso mais aberto no rosto de quem ama. Gastando um pouquinho mais, fará um programa diferente. E em qualquer caso, você confirmará diante da vida que a escolha foi certa. Que é com aquela pessoa que você quer passar o resto da sua vida. Tá bom. Isso pode ser feito todos os dias. O ano também poderia começar em março, julho ou setembro. Homens poderiam usar saia. Abacaxi poderia chamar-se Espinhudo. Foi convencionado diferente.



Sou sim, adepto dos ritos. Adoro as datas redondas. Aliás, gosto mesmo é de uma festa. Faço questão de pensar nas coisas com antecedência. Não deixo de trabalhar mais ou menos por conta disso. Não necessariamente é preciso gastar muito dinheiro. Necessário é pensar numa maneira de dizer eu te amo. Carinho na alma não faz mal à ninguém. É sempre bom saber que qualquer que seja a fase da nossa vida, tem sempre espaço pro adolescente apaixonado que contava os dinheiros pra comprar uma caixa de sonho de valsa pra pessoa amada. Gesto. É tudo.



Gosto de saber que ainda tenho assunto com a minha mulher para muitos anos. Nunca esqueço, que ainda era noivo quando ouvi que para ter certeza que era com aquela pessoa que você queria passar o resto de sua vida, deveríamos pensar se poderíamos conversar com ela por anos à fio. É fundamental ter prazer na presença do par. Mas fundamental mesmo é se permitir gestos bobos que são traduzidos em declarações de amor. E declaração de amor é o que vale na vida!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Acelera, Speed!!



Pessoas são obras inacabadas. Gosto dessa sensação de que é permitido derrubar uma parede aqui, fazer um puxadinho ali, trocar a cor da parede da sala. Nada mais compensador que ser surpreendido nas suas certezas. Tenho tido dias fantásticos. Astral lá em cima, felicidade rondando a janela da casa, sensação de que tudo está indo muito bem. Pé de pato, mangalô, três vezes. Meu santo é forte, mas não é dois.


Essa felicidade que inebria a alma, acaba nos abrindo olhos e ouvidos. Sábado fui ver Speed Racer com os meninos. Evento total. Chamei amigos, pai de amigos. Afinal de contas era um encontro com uma parte da nossa infância completamente repaginada. Fila inteira do Cinemark só com a gente. Mais um filme infantil pra coleção. Confesso que durmo na grande maioria deles. Ser pai participativo tem limite e esses filmes bebem todos em duas ou três fontes. O estado de espírito já descrito acima, já me deixou mais relaxado e pronto pra curtir uma sessão da tarde tamanho família. Mas não se passaram nem dez minutos de filme e eu comecei a perceber que tinha algo mais ali para ser visto. Cores fortes. Estética diferente. Ousada. Uma narrativa nada linear que me fazia perguntar à toda hora se os guris estavam entendendo. Desnecessário dizer que essa geração é muito mais esperta do que podemos imaginar. De repente, estava completamente plugado no filme. Durante duas horas e pouquinho, vivi dentro de um vídeo game de última geração. Torci, vibrei, chorei. Fui à infância e voltei um par de vezes. Entendi um pouco da vibração dos meninos quando o outro passa de fase no Playstation. Eu estava lá dentro do joguinho. Ganhando vidas adicionais à cada cena. O filme acaba e dá vontade de aplaudir de pé. Olho pros lados e vejo um monte de marmanjo de olho marejado. Lágrimas de infância finalmente libertas. Programão.


Ok. Tenho me sentido o próprio Speed. O carro conceito chegou. Para os que esperavam um modelo caro, importado e top de linha, sinto decepcionar. Como já dito uns posts atrás, é um conceito. E conceitos são muito particulares. Punto Sporting. Preto. Como todos os acessórios. Pequeno? Eu diria que tem o tamanho certo. Fiat? É a melhor montadora do Brasil, NA MINHA OPINIÃO. Teto Solar????? Também nunca me imaginei, mas os meninos adoraram, a Renata sugeriu e afinal de contas, somos uma obra inacabada, onde sempre cabe um sofá de três lugares onde a vida inteira você sonhou em pôr uma poltrona!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O menino que lê emoções




Era uma vez um menino que lia emoções. Com as palavras, ele tinha muita dificuldade. Letras embaralhavam na sua frente, sílabas não se formavam, sons diferiam do que acostumamos ouvir. Uma frase um pouco mais longa, parecia-lhe uma árdua montanha pra escalar. Ele cansava fácil. Sempre irrequieto. Apesar de esforçado, era visível o seu desconforto e sua frustração. Parecia tão óbvio para todos. Mas para ele era muito complicado. Cansativo. Desgastante. A escrita não era diferente. O lápis não seguia o movimento da letra. A letra fugia do risco do lápis. Nessa batalha, muitas eram engolidas pela sofreguidão e pela ansiedade. Palavras juntavam-se ignorando os espaços usuais. Paraquêespaçosseaspalavrasprecisamestarjuntasprafazerosentidoqueelequeriadar?

No entanto, desde muito cedo, esse menino soube ler o mais difícil. Letras e números são balela frente a verdadeira dificuldade das relações humanas: ler emoções e sentimentos. Sem conseguir interpretar textos simples, ele sempre conseguia interpretar intenções, carinhos, gestos e olhares. Sem saber de onde vinha, ele deixava aflorar do fundo do seu grande coração, a emoção traduzida em lágrimas. Sim, esse menino chorava de felicidade. Mais do que isso, esse menino chorava verdadeiramente de emoção. Compensava aí, a sua dificuldade em dizer eu te amo, obrigado, que lindo!, quero vocês do meu lado, me dá colo, vai passar, vocês tem à mim e outras tantas pequenas frases ou palavras, que seu cérebro queria dizer, mas que o emaranhado de fios que o ligava até a boca, embaralhava e fazia perder o formato inteligível para os ouvidos humanos. Fácil até aí?

Esse menino sabia mais que isso. Sempre soube usar o sorriso certo, o olhar mais preciso, o movimento de cabeça mais carismático. Juntava tudo isso num quadro perfeito que derrubava todos os obstáculos, empecilhos, reprimendas e correções. Não. Ele não usava isso pra burlar ou transgredir. Ele usava pra pedir desculpas. Pra pedir mais uma chance. Pra dizer que não ia fazer de novo. Tá bom. Ele abusava disso muitas vezes. Mas quem de nós não abusaria, sabendo a linguagem da emoção com tanta fluência? Quem de nós não abusaria sabendo que entre tantos caminhos difíceis, ali estava um seguro e garantido?

Esse menino, hoje, ainda está longe de chegar lá. Cada dia é uma batalha e cada dia é uma vitória. Ele está crescendo e tomando ciência de sua condição diferenciada. Na verdade, acho que ele sempre soube. Nos mandou os sinais através da emoção. A linguagem que ele sabe falar melhor que todos nós. Corre atrás com muita garra, engole em seco algumas ofensas proferidas por outras crianças cruéis em sua inocência. Sempre atento e sempre guiando com o coração pelos caminhos tortuosos que a vida lhe traçou. Os temores iniciais, as incertezas, as peregrinações por consultórios, aos poucos vão dando lugar a algumas constatações que nos ajudam saber pra onde ir. Fisicamente, não há nada. No futuro, muito provavelmente ele será considerado disléxico e ouvirá uma relação de ilustres figuras públicas, portadoras do mesmo problema.
Desde já, um vencedor! Juntos, vamos cruzar muitas linhas de chegada, meu filho! E você, dono de um talento raro, conquistará tudo o que você quiser, lendo emoções ao invés de palavras e escrevendo com sorrisos e essa carinha linda, a história da sua vida.






quarta-feira, 23 de abril de 2008

Run, Forrest, Run


Depois de um longo interregno, vamos aqui tentar tirar a teia de aranha das idéias e tentar postar alguma coisa interessante.


Ando cheio de trabalho. Isso é bom. Não que antes não tivesse, mas como tudo na vida, o trabalho também sofre períodos de entressafra, onde a gente faz as coisas meio no automático. Sem muito tesão. Daí, de repente, um projeto novo, um aumento de salário, ou até mesmo de responsabilidade, enche a gente de gás novamente. E lá vamos nós dando o sangue pela empresa...Mas, como uma máquina que funciona a pleno vapor, o motor aquecido faz um monte de coisa sair funcionando melhor. E daí, vc pensa melhor, vive melhor, sorri melhor e sai do marasmo para euforia. Bipolar, eu? Imagina....até porque, acho que passei da fase da euforia. Estou simplesmente de bem com a vida. Vá lá, a crise dos 40, agora quase pública e notória, já não faz estragos. Aprendi a conviver com ela. Serve pra gente arrumar o armário, jogar fora um monte de coisa velha, e de repente dar destaque àquele presente que ganhamos no aniversário de 23 anos, mas ficou guardado, sem uso nem valor. É mais ou menos assim, se é que fui claro. Não que eu queira ser.


Mas matutando, você vai descobrindo coisas que te fizeram falta a vida inteira e agora, de repente, se dá conta que os anos de labuta e pressão, podem comprar. Feita essa constatação, resolvi: vou comprar um carro top de linha!!!! Não, não é um carro grande, possante, que traduza em cavalos a virilidade masculina. Não, não é um carro de luxo, que chame atenção e mostre ao mundo que eu vim, vi e venci. Eu não estou atrás de potência, nem de conforto. Vou comprar um conceito. Depois de muita auto análise, percebi isso e ficou tudo mais fácil. Eu quero um carro com todos os opcionais. Kit convergence, volante de couro, roda de liga leve, tudo elétrico e automatizado, cor especial. Não quero economizar. Quero todos os itens que só um homem consegue valorar. Só homem consegue entender a quantidade de opcionais que um carro pode ter. Mulher precisa de ar e direção hidráulica. Ponto final. Marcha ré. Quero um carro esportivo, sem ser cafona. Nada de conversível, aerofólio, teto solar. Tentei explicar aos meus amigos publicitários, que existe sim, o valor agregado ao produto que se traduz em sensação e sentimento emblemático traduzido em comportamento de compra para satisfação de um desejo de atingimento de posição sócio-cultural que nos dá o título de sócio proprietário de uma tribo específica a que se deseja pertencer! Sacou?


Estou satisfeito com o cumprimento das decisões de Ano Novo. Lembra? Pois é. Estamos em abril, quase maio, e dessa vez eu não esqueci. Tenho tentado seguir quase à risca. Sábado eu corri a minha primeira prova. Revezamento. Ok, indoor. Oitavo lugar. Quantas equipes? Eram dez. É. Antepenúltimo!!! Mas ninguém faz idéia do que isso significou pra mim. Trinta minutos correndo. Sem parar. Sem diminuir a velocidade. Aumentando sempre, do zero ao trigésimo minuto. Foi a vitória do garoto que era reprovado em todas as provas de educação física, porquê não dava conta de correr 12 minutos sem parar. Foi a vitória do adolescente de quem diziam não poder praticar esporte porque tinha bronquite asmática (não precisa ser muito inteligente pra saber quem "diziam"...rs). Foi a vitória do adulto sedentário e gordo de 30 anos, que resolveu que a vida tinha que ter qualidade e isso inclui disposição física e feliz aparência. Amigos leitores, eu me senti em primeiro lugar. Campeão. Medalha de ouro que, eu mesmo, solenemente postei no meu peito. Enebriado de endorfina, eu corri o último minuto, à 12 km/hora e cruzei a linha imaginária de chegada, com um sorriso insuportável na cara e cheio de convicção que essa era só a primeira de muitas. Agradecimento especial ao Antônio que acreditou em mim e fez a minha inscrição à minha revelia. Brother, vou te dever mais essa!


domingo, 23 de março de 2008

Umbigos do mundo


Existem mesmo coincidências criativas ou a "energia cósmica" sai salteando assuntos na cabeça de escribas, amadores ou não? Hoje eu acordei pensando em umbigos do mundo. E pasmem, ao abrir a Revista de Domingo do Globo, me deparo com um texto de um colunista convidado, falando justamente da Umbigolândia em que se transformou o mundo moderno. Apesar de assuntos afins, discordo um pouco dele. Não acho que se trate de epidemia. Mas existem sim, muitas pessoas "umbigos do mundo". Necessárias ao ecossistema, eu creio. Mas cada vez mais dispensáveis da nossa vida. Mas todo mundo tem um amigo assim. Alguns tem vários. Nós mesmos, bloggeiros, podemos ser acusados de. Afinal de contas, usamos as páginas da rede mundial para despejar nossos sentimentos, emoções, diários, protestos ou preferências. A diferença, pelo menos no meu caso, é que não imponho à ninguém esses assuntos. Nem me acho melhor que o outro, muuuuuito pelo contrário.


O umbigo do mundo, não! Esse, entende de tudo, tem solução para tudo, rótulo para tudo e todos. A febre dele é mais alta. A coluna dele dói mais. O sofrimento pelo amor não correspondido, e o amor dele é sempre mais intenso e mais trágico, é único! Obviamente que não há nada melhor que seus médicos e seu terapeuta. O umbigo do mundo vive num mundo perfeito, o seu! Limitado em todos os pontos cardeais pelas suas crenças, conhecimentos e competências. Saiu da redoma, é falho. É indigno. É incorreto e mentiroso.


O lado divertido do caso é tratar o caso como objeto de estudo. Permita-se olhar para as caras e bocas de uma pessoa "umbigo do mundo". Os olhos se movem teatralmente. A boca tá sempre pronta para um muxoxo de desaprovação. O nariz, levemente empinado, na posição eterna de "peidaram". Indo um pouco mais além, jogue assuntos polêmicos. Experimente trazer á tona personagens conhecidos em comum. Dê corda e pergunte sobre o trabalho. Dê um rolo inteiro, e pergunte pelos filhos. Daí, ponha seu ouvido na posição de "rave" e fique ouvindo o ruído, sem deixar a idéia penetrar na sua mente. Impermeie seu cérebro daquelas idéias rasas. É quase um transe. Chega a ser saboroso, pela situação tragicômica. Depois de tudo isso, suma. Pessoas "umbigo do mundo" só de ano em ano.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Falando de paixão


A sexta-feira é da paixão. Me pergunto desde sempre o significado da palavra dentro do contexto religioso. Assim como outras dúvidas sacras como o "morrer na sexta-feira e ressuscitar no terceiro dia que é domingo". Essas dúvidas nos dias de hoje, não duram mais de cinco minutos no mundo do Santo Google do Senhor. Quando existem explicações. Nesse caso, naveguei por sites nunca antes navegados, e nada. A Paixão de Cristo engloba os cinco últimos dias de sua vida. O porquê do nome, não descobri.


Lembro que, criança, me perguntava por quem será que ele teria se apaixonado? E Cristo teve namorada? Eu já era um romântico, por excelência. Nem os anos todos em colégio de padre, me explicaram o cognitivo do termo.


Fato é que acordei pensando em paixões. E a avassaladora invasão de sentimentos e sensações que a situação contempla. Paixão pelos amigos. Paixão pelo trabalho. Paixão pela música. Paixão pelo próximo. A pronúncia, por si só, já enche a boca. O movimento dos lábios e dos músculos da face logo remetem à felicidade, ou não, de descobrir ou assumir um gostar desesperado por algo, alguém ou alguma coisa. Fullgas ou pra sempre e mais um dia, alimentamos com o melhor e o pior de todos nós, o estado deliciosamente escravizante enquanto dure. Sustenta a alma, consome as idéias e rende texto novo no blog.


Cinco cliques depois, descambamos no Maracujá. Fruto da paixão. E esse texto tá parecendo música do Djavan, mas eu vou postar assim mesmo. Deixo aqui registrado o efeito de uma ressaca na mente humana. Pode servir para estudos posteriores.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Desculpe, queridos amigos....já estou com a página aberta há pelo menos vinte minutos e não vem nada à cabeça....tô mesmo sem assunto...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Queridos Amigos




Tentar definir amizade e amigos, sem cair no clichê, é impossível. Portanto, pulemos essa parte. Vamos direto ao que interessa. Algumas pessoas colecionam selos. Outras colecionam postais. Deve haver alguma mocinha romântica que ainda coleciona papéis de carta. Eu coleciono amigos. Desde sempre. Sempre prezei. Sempre busquei. Sempre cuidei. Sou capaz de um telefonema no meio do domingo melancólico, lá pelas seis da tarde, para aquele amigo que não vejo há dez anos. Ligo e converso como se tivéssemos encontrado na balada de sexta à noite. A intimidade entre amigos é algo que não se perde com o tempo. Está eternamente inserida na construção de uma relação atemporal e independente de laços sanguíneos que perdura enquanto houver a ternura e a necessidade de amar fraternalmente alguém. Uma frase longa que pode se resumir em "amizade é bom pra caralho"!

Talvez por tudo isso, "Queridos Amigos" seja tão a minha cara. Pra quem não sabe do que se trata é a nova minissérie da Globo, adaptação de um livro da Maria Adelaide Amaral por ela mesma, que estreou semana passsada. Desde que começou o burburinho da produção eu sabia que ia adorar. Esperei ansioso a estréia, como há muito não aguardava nenhuma produção de TV. Foi show de bola. Emoção do começo ao fim.

O argumento está longe de ser inédito. Reunião de amigos afastados pelo tempo, normalmente diante de um acontecimento triste e fatal. Ou morte ou doença muito grave. O tema já foi brilhantemente explorado no cinema em "O Reencontro" e "Invasões Bárbaras". E eu já falei sobre isso aqui no blog, e sobre a minha vontade de fazer igual algum dia. Morrer rodeado de amigos.

Maturando bem o tema, acho que posso fazer diferente. Mudar o mood dessa história e reuní-los para festejar. O quê? Nada de datas redondas, nem comemorativas. Festejar o fato de termos nos tornado muito amigos um dia. Se o tempo espalhou cada um para um lado, se casamos várias vezes ou nenhuma, se temos filhos, os perdemos, ou temos proles numerosas, se eu bebo prosecco, o outro bebe cerveja e um dia bebemos muito vinho barato, pouco importa. Durante horas, que sejam, somos de novo uma turma. Celebremos as brigas que um dia tivemos. Sempre é tempo de perdoar e tentar entender que porra você apenas queria dizer ao invés do que eu teimei em entender. Coisa de adolescente ou não, o fato é que um dia nos reunimos em torno de assuntos comuns, cuidamos das vidas uns dos outros, choramos romances desfeitos, comemoramos trepadas ansiadas, vibramos com o primeiro emprego ou o notão na prova final. Mais do que isso, vamos celebrar o fato de um dia termos precisado visceralmente de alguém, mesmo que esse alguém, hoje, seja quase um estranho. Não seja o outro que um dia viveu naquele corpo, mas que voltará rapidinho ao primeiro chamado, nem que seja para um abraço forte e demorado. Tirando os filhos e os amores, nada mais do que isso, prova e quantifica o sentido da nossa existência. Posso dizer, sem falsa modéstia, que eu daria um ótimo Léo. Sem a morte eminente, por favor. Adoro reunir. Saber como está. Perguntar pela mãe, pelo pai e pelo irmão. Relembrar namoros passados. Cruzar pares desfeitos. Secar lágrimas sofridas. Chorar junto de alegria. Brindar o reencontro, mesmo sabendo que passaremos novamente anos sem nenhum contato. Mas guardando no coração aquele momento e todos os outros passados. Reconhecendo trejeitos e emoções, mesmo que estejam disfarçados e acobertados pelos anos, agruras e movimentos que a vida fez com os soldadinhos de chumbo que no fundo somos. Apresentar aos nossos filhos, o nosso passado. Nu e cru. Com direito à micos revelados e saias justas. Juntar o amigo do jardim de infância com o amigo de infância que você fez no ano passado. E deixá-los comparar entre si, quem somos, quem fomos e cagar pro que seremos.

Infelizmente, não conto com o orçamento de produção da Globo. E nem todo mundo tem a mesma disposição. Daí, sigo sonhando com isso. Ou reunindo pequenos grupos. Mandando emails. Ligando domingo à noite. Encontrando na academia. Pesquisando no Google. Talvez um dia escreva algo baseado nisso. Não vou me preocupar em ser original. Vários não foram e produziram histórias lindas. Material não falta. Farei uma reunião virtual ou quem sabe não apareçam todos na noite de autógrafos, nem que seja pra me dar porrada por ter revelado os segredos inconfessáveis confiados no tempo e que supunhamos enterrados por este.

P.S. Estou lendo o livro que originou a minissérie. É tão bom quanto....

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Encerrando a história


Não quero parecer novela do SBT que é retirada do ar sem maiores explicações. Portanto, em respeito aos leitores que acompanhavam a nossa viagem, vou encerrar a narrativa.


Sexto dia, Busch Gardens. Uma hora e pouco de viagem de Orlando. Aquela estrada reta, lisa, monótona. Nenhum buraquinho. Nenhuma ultrapassagem perigosa. Nenhum carro velho atravancando a pista. Ou seja, muito monótono.


O parque estava vazio. Se não fosse por meia dúzia de velhinhos que tinham ido prestigiar um show de uma big band, seria inteiramente nosso. O Busch Gardens é um grande zoológico, rodeado por montanhas russas. À cada temporada, quando não há mais nada para inventar, aparece uma nova. Cada vez mais ousada, mais adrenalizante, mais estupidamente emocionante. Oito loopings, sete descidas em espiral, pernas ao vento, mais loopings, quedas vertiginosas, arrancadas de proporções espaciais e um ser humano pálido e nauseado desembarcando três minutos depois, com cara de uma fruta centrifugada, mas feliz! Vá entender....pagamos, e caro, para nos submetermos à isso.


Essa montanha russa da foto abaixo foi a última da viagem. Depois disso, caí em mim, e percebi a estupidez da coisa. Deu. Na próxima viagem, quem sabe. Mas suspeito que a idade é inversamente proporcional à nossa disposição para passar por esses dissabores. Nos postamos sentados numa cadeira, pernas ao ar, tal e qual uma camiseta pendurada num varal. O troço sobe, sobe, sobe e pára. O tempo de rezar uma Ave-Maria. Um pequeno movimento e ela gira 90 graus, e pára novamente. Você, à uma altura de uns 100 metros, e o chão. Frente à frente. Daria pra rezar uma Salve Rainha, mas tudo que você consegue é pensar na infeliz da mãe rampeira do escroto maldito que projetou aquele brinquedo insano. A queda. Repentina. Veloz. E o caralho mais bem pronunciado da sua história de vida. Acabou? Nada. Mais uns loopings, subidas e descidas que essa altura pareciam brincadeira de playground de brinquedoteca de shopping, outra parada, outro giro de 90 graus, você de volta ao face to face com o chão, aquele puto seu conhecido, e nova queda. Dessa vez, mais veloz, e encontro à um espelho d'água onde surpreendentemente a gente não encosta. Agora sim. Fim. Crianças aos berros de "quero mais". E eu, único adulto demente à participar dessa aventura, em busca da porta da saída e do resto de sanidade mental que ainda pudesse aproveitar. Não adianta. Não há mais nada a falar do parque. Tudo se resume nessa experiência única de encontro com todos os seus medos, teoricamente protegido pela excelência americana.


O dia seguinte, sexta-feira, fomos à um dos melhores parques da cidade. Prime Outlet. Diversão total. Surto consumista desenfreado no seu estágio mais alto. Diversão garantida. Graças à ajuda da Nívea, nossa amiga residente no local, a Renata desembestou a comprar. E como comprou. Sapato, bolsa, cinto, e roupa. Muita roupa. Apesar de insistência da Nívea para irmos ao Millenia, segundo ela "o meu shopping", em nome da saúde financeira da família nos próximos cinco anos, preferi me abster. E eu, que já tinha dado por encerradas as minhas aquisições, consegui cometer mais algumas necessidades básicas. De lá, passamos na casa dela, conhecemos o adorável Anthony, revimos o sempre muito gentil Márcio (o marido da Nívea) e fomos pro Magic Kingdom, ver a parada noturna. Nós e a torcida do Flamengo, do River Plate e do New York Nicks. Parque absurdamente lotado, após um dia de compras, não podia dar em nada muito bom. Foi o tempo de ver os fogos e ir embora. Deixamos parte do grupo no hotel, voltamos na casa da Nívea para buscar as malas que tínhamos deixado lá, ainda tomamos uma cervejinha, e cama!


Último dia: Universal Studios. Brinquedo do ET, Tubarão, Shreck. Excelente. Nenhum comentário adicional. Exaustos. Só pensávamos no retorno. Que foi tranquilo. Com direito à nova escala no Panamá, umas últimas compras no free shop local e um vôo para Manaus. Fim da epopéia. De volta ao Brasil varonil. Com todas as suas falhas e discrepâncias. Com toda a morosidade dos serviços. Com preços sobretaxados violentamente por impostos que não vão dar em nada. Mas, o nosso país! Que felicidade ouvir o bom e velho português. Não há nada melhor que a nossa casa. Mesmo que ela seja suja e dessarumada. É o nosso canto. O nosso sorriso. A nossa malícia. O nosso calor.


Pra fechar com chave de ouro, vou transcrever abaixo um comentário da Bel, nossa companheira de viagem, sobre o piripaco que Renata teve no Mission Space (ver blog do segundo dia de viagem):


Como INTEGRANTE desse grupo e testemunha ocular do "siricutico múltiplo" da Rê, quero registrar que o Marcus economizou nos detalhes! É importante deixar registrado tudo que ela gritou a plenos pulmões: "Não dá!", "Me tira daqui!", "Abre essa porta!", "Abre essa porta!". E eu lá... com todas as minhas técnicas de relaxamento: "Rê, respira fundo! Fecha os olhos e respira!" Nada adiantou...Ela bateu no painel do simulador, chutou a cabine, esperneou!Finalmente uma boa alma abriu a porta.O pior de tudo???? Ficamos sem o comandante da nave! SIMMMMM ela era a comandante!!!Restou ao piloto (Eraldo) e a navegadora (Izabel) rezar para que conseguissemos voltar a terra sem a valorosa presença da comandante que surtou antes do lançamento.FOI MUITO BOM, Rê!!!!


Hoje é dia de Mengão no Maraca. Mais um título à vista!! E amanhã, se eu conseguir, preciso falar de "Queridos Amigos". É muito bom!! Necessário! Imperdível! E como diz a Val, "a minha cara"!






sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Só pra dar notícias


Pra quem tá acompanhando a nossa epopéia...hoje não vai dar pra postar nada! Estou morrendo de sono....fica a foto acima pra vocês terem idéia do que eu passei. Prometo contar em detalhes amanhã!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Sexto dia: Island of Adventure (ou, Scooby Dooooo, cadê você, meu filho!!!)


Quem me conhece sabe a dificuldade que tenho para mudar planos. Ainda mais quando esses foram feitos após detalhados estudos e verificações. Mas diante do que foi o dia anterior no Magic Kingdom, o dia de hoje que seria de compras até 3 da tarde e depois novamente o mesmo parque para completar, mudou para o Island of Adventure. Um pouco mais de emoção para evitar tédio e cansaço, como se fosse possível ter uma coisa e evitar a outra. Não tive como argumentar contra essa idéia e foi a melhor decisão que tomei. O Island é o melhor parque da cidade até agora.


Primeiro porquê é novo. Pra mim tem cheiro de novidade. Segundo, porquê é muito mais interativo. Praticamente entramos numa grande história em quadrinhos com todos os PUMF's, POW's e #%$*!!! que temos direito. Uma enxurrada de super heróis transitando no meio do povo, montanhas russas espetaculares com doze loopings, espirais, shakes, bate e volta e você saindo de lá esverdeado e zonzo. Brinquedos de ensopar a alma. Foi o dia mais divertido. Rimos muito. Repetimos brinquedos. O parque estava vazio. Viramos mais crianças que qualquer uma das outras seis que estão conosco. Não é todo dia que a gente dá de cara com o Wolverine, aperta a mão do Homem-Aranha, ganha beijo da Betty Boop e abraça o Popeye e a Olívia.


O resto do dia, adivinhem??? Compras. Eu consigo ser rápido e objetivo. Comprei quase tudo que eu queria. Não foi no Outlet, obviamente. Minha mulher não tem a mesma qualidade. Ou seria defeito??? Não comprou nada. Mas eu prometo ajudá-la a consumir. Amanhã, darei notícias sobre isso.
Pra completar o dia feliz, achamos um restaurante onde se podia comer mais que hamburguer e cachorro quente. Era tipicamente americano, mas com direito à camarão frito e steak. Eu acho que em Roma, como os Romanos. Preferi não arriscar e fui de Super Burguer bacon. Mas quem resolveu pedir comida de verdade não se arrependeu. Podia ser a fome. Mas a Nancy do lugar também era simpaticíssima, atendeu todos os nossos pedidos, explicou todas as dúvidas, e mereceu cada dólar da gorjeta deixada. Foi a cereja do dia!


Quinto dia: Magic Kingdom


O parque mais esperado, por nós adultos, acabou se mostrando datado demais. Essa geração dos meninos quer emoção e interatividade, e o Magic Kingdom é um parque para se apreciar. O castelo da Cinderela não diz absolutamente nada para eles. Pelo menos para os meus, que acham castelinho de princesa coisa de menininha. A idéia era passar metade do dia no parque e usar a outra metade para as compras. O calor infernal aliado à ansiedade de ir atrás do famigerado Nintendo DS fez com que eles quisessem fazer um tour express. Nós, que também já estavámos no limite do cansaço, não fizemos muita pressão para ser diferente. Eu não cheguei a me decepcionar, mas queria ter visto mais entusiasmo da parte deles e ao mesmo tempo, entendo perfeitamente a falta de empolgação.


Três da tarde, fomos às compras. Depois de ter rodado metade de Orlando, com direito a amanhecer numa loja de brasileiros, soube através de outros brasileiros que havia uma loja no Florida Mall onde tinha o tal DS. Deixei a Renata num Outlet e rumei pra lá com os quatro. Detalhe: o Florida Mall deve ter umas 300 lojas e eu não fazia idéia em qual o garoto que vimos no parque tinha comprado. Mas eu tenho faro bom pra isso. Não demorou muito para achar a tal loja, negociar algumas modificações no pacote - sim, o cara não vendia o DS simplesmente, mas um combo que vinha acompanhado de duas fitas - para não levar quatro joguinhos da Zelda pra casa, e finalmente a missão dada era missão cumprida.


De resto, o Outlet estava fraquíssimo. O Natal por aqui, pelo visto, foi arrasador. Não sobrou calça Diesel sobre calça Diesel. Em termos de compras, saímos frustrados. E as crianças, mortas de cansaço.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Quarto dia: MGM Studios


Esse é meu parque preferido na Disney. De todos é o mais pobre em brinquedos. Mas as referências cinematográficas me deixam sem saber pra que lado olhar. É tudo absolutamente hollywoodiano e não posso deixar de lembrar do meu pai. You must remember this! O parque passou por uma série de modificações desde que estive aqui da última vez. Novos brinquedos, novos shows, mas o encanto da sétima arte permanece incrustrado em cada detalhe cenográfico.


Chegamos cedo e pegamos de cara a parada do High School Musical. Eu cantei junto com os meninos a trilha que já sei decorada de tanto que eles ouvem. Fomos para uma atraçao que passeia através de filmes clássicos do cinema americano. Engraçado como as atrações envelhecem. Lembro que há mais de quinze anos, quando fui pela primeira vez nesse brinquedo, tudo me parecia muito mais real. Os meninos não entenderam muito a minha emoção, mas sacaram o valor histórico da coisa. Os menos radicais pularam a montanha russa do Aerosmith e o Elevador que despenca. No meio de um calor senegalesco, o almoço para todos foi a típica coxa de Peru americana. Um exagero de gordura. Depois disso, um show de dublês e um final apoteótico num anfiteatro, onde antes do show começar ensaiamos um duelo de gritos de guerra com argentinos em excursão!


Fim do dia? Enganam-se redondamente. Mais uma rodada de compras. Agora num hipermercado. Dois carros lotados de coisinhas miúdas e outras nem tanto assim. Outro surto consumista. Tudo é absurdamente barato. Mas nem por isso, precisávamos comprar caixas de bandaid, luminárias de jardim, porta-retratos e mais não foi porquê eu tentei frear os impulsos da minha mulher, que chegou a sugerir estoque de presente de aniversário pra criança.


Saímos de lá quase uma da manhã. E aqui estou eu, cumprindo meu papel de bloggeiro, antes de cair em sono profundo. Amanhã o dia promete. Magic Kingdom até 3 da tarde e....shopping!!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Terceiro dia: Animal Kingdom


Domingão é domingão em qualquer lugar do mundo. Sol à pino. Conseguimos chegar no parque na hora da abertura. Nós e toda a torcida do Orlando Magics. Nancy´s, Bob´s, Terry´s e Phil's com tudo que isso dá direito. Obesos disformes, velhinhos simpáticos, bebês rosados e um figurino de matar o Falcão de inveja e a gente de rir.

Eu não conhecia esse parque. Me impressionou a riqueza cenográfica. Para cada olhar, um detalhe. Em cada detalhe um cuidado especial com a fidelidade. Foi o dia de ir a Ásia, subir o Everest, passear pela Índia de mil deuses, fazer rafting com direito à encharcar-se novamente e rir disso tudo. Pagando em dólar. O tal do Disney soube fazer e perpetuar. Mil bichos, um discurso ainda mais ecológico e uma árvore linda. Imponente. Segura. Sustentando o círculo da vida do Simba.

Essa história mexe comigo. Não sei se por falar da relação de admiração entre um pai e um filho. Pela beleza do desenho. Pelas músicas perfeitas. E o parque é todo muito Lion King. Não precisa dizer que o show desse tema me fez escorrer umas lágrimas discretas. É meu personagem favorito.

Tudo acabou em compras. O primeiro dia do surto coletivo. Tênis Nike por 25 dólares? Compra três. Camiseta por 15? Desce quatro. Não tivemos nem tempo. Mas em pouco mais de 45 minutos conseguimos realizar o supremo prazer do consumismo desenfreado. E lá se foram algumas doletas.

O destaque negativo do dia foi saber que o tal Nintendo DS, sonho de consumo dos garotos, está em falta desde o Natal. A cara de tristeza dos quatro, no meio de uma Best Buy desabastecida de tudo, foi de cortar o coração. Ainda não sei como vou resolver essa parada, mas isso ainda vai dar pano pra manga.

Segundo dia: Epcot Center


Seguindo sugestões do amigo Lu, chegamos mais tarde no Epcot. DEZ HORAS DA MANHÃ. O parque realmente não estava muito lotado. Foi o primeiro parque da Disney. Isso faz toda a diferença. Não que os demais sejam ruins. Mas a excelência no mundo do entretenimento e do serviço tem nome e sobrenome e atende por Walt Disney.


A visão daquela bola imensa formada de milhares de triângulos remete à um futuro imaginário que já bateu na nossa porta. A idéia de uma comunidade experimental autosustentável e ecologicamente correta faz um sentido absurdo nos dias de hoje, quando a palavra de ordem é preservação de recursos naturais. O toque de midas é transformar isso em diversão. A piada do dia é parar tudo para tirar a indispensável foto da bola com o grupo todo à frente. Bola toda, bola ao fundo, pedaço da bola, segura a bola, sustenta a bola e dá-lhe bits e bites transformando-se em pixels.


O grande barato de uma viagem para Disney é viver as mais variadas sensações, transportar-se para todos os cantos do mundo, em todas as épocas da história, sem sair do lugar. Voamos de asa delta sobre a Califórnia. Encontramos dinossauros. Testamos carros à 160 Km/hora. Brincamos de astronauta, e isso merece um parágrafo à parte.


O Lu tinha avisado, eu tinha lido e minha intuição dizia que o tal Mission Space era uma furada. Um simulador de treinamento para um vôo ao espaço. Eu não nasci para o espaço. Meu lugar é aqui na mãe Terra. Mas, diante de pedidos insistentes das crianças, como recusar? Duas filas: laranja e verde. Uma com emoção e outra sem. Óbvio que fomos na segunda alternativa, mesmo sob protestos infantis. Grupos divididos, eu entro num com o Pedro e o Cezar. Renata entra noutro com a Bel e o Eraldo (os outros dois adultos do grupo). No terceiro, apenas crianças. Na hora que a porta se fechou, e eu me vi enclausurado naquele espaço mínimo, junto com duas crianças, bateu a paúra. Respira fundo. Controle. Nada vai acontecer e eu não posso desesperar para não assustar os garotos. Pai tem disso. Só conseguia pensar na Renata e como ela estaria se saindo no outro simulador. Algo me dizia que a coisa não estava bem. Enfim, segurei a onda e conseguir sair ileso. Quando encontrei a Bel, soube que a coisa não esteve bem. Aliás, esteve péssima. Logo que a porta fechou, minha mulher teve um ataque. Gritou, esperneou, bateu nas portas e não houve Cristo, muito menos bom senso que a fizesse recuperar o juízo. A Bel e o Eraldo passaram momentos de pânico tentando trazê-la para o mundo racional, mas nessas horas é exatamente a irracionalidade da situação que nos faz surtar. Parece que depois de intermináveis, para todos, segundos de pavor, apareceu um daqueles funcionários sorridentes que a retirou do brinquedo. Junto com ela, mais uns cinco.


Depois disso, nada de maiores emoções radicais. Tentamos passear pelo pavilhão dos países, mas o frio e o cansaço não nos deixou ir longe. Sentamos para ver os fogos, eu consegui duas taças do legítimos champagne francês para brindar à felicidade de poder proporcionar essa viagem aos meninos.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Primeiro dia: Sea World


Primeiro dia. Destino Sea World. Baleias, golfinhos, pingüins e afins. E crianças com os olhos brilhando de alegria. Pra estrear em grande estilo, um brinquedo daqueles que te ensopam a alma. E daí pra frente, uma sucessão de “Ah’s!!! e Oh’s!!!”, fotos, nenhuma fila e uma enxurrada de brasileiros no caminho. Os caras sabem fazer o show e arrancar a emoção. Até momento solene de agradecimento aos “jovens que estão dando sua vida na guerra por nós americanos” rolou. E conseguiu emocionar. Com o patrocínio do louco do Bush.

Descobri que a montanha russa é excelente para liberar o estresse. Oito loopings depois, eu tinha xingado em altíssimo e bom português todos os palavrões que aprendi em quase quarenta anos de vida. Dois minutos intermináveis depois, desembarcamos com a sensação de alma lavada, enxaguada e retorcida e um estômago absolutamente revirado.

Os americanos continuam, em sua grande maioria, intratáveis. Os imigrantes que conseguem trabalho formal continuam, em sua grande maioria, simpaticíssimos. Muitos velhos trabalhando. Ou como disse a Renata, mulheres precocemente envelhecidas. Jantamos num Pizza Hut vazio, e pra pedir uma segunda rodada de refrigerantes, eu tive que ir atrás da Nancy, para descobrir que não só ela, mas a Lucy, a Dorothy, a Peggy e o Mike (todos os funcionários do lugar) estavam lá fora fumando. Ok! Paciência. Podemos esperar!!!!

Hoje, vamos ao Epcot! Vou tentar postar em dia, mas nem sempre será possível!

Um dia inteiro de viagem e sorrisos no rosto!

Não tem jeito. O DNA é a outra certeza da vida, junto com a morte. Tal como meu pai, eu sempre fui paranóico com horário de vôo. Detesto a mínima chance de ficar retido em terra, por qualquer motivo que seja. Overbooking, atraso, cancelamento ou qualquer uma dessas agruras que fazem do ato de voar no Brasil, uma sublime aventura. Se a viagem for de férias, então...cuidado redobrado. Ou seja, para um vôo que partia às 9:50 da manhã, às 7:15 eu já estava saindo de casa. Fui na frente com o João, que queria aprender fazer checkin. Merecida prudência. Tudo absolutamente tranqüilo. Às 8:40, quando a maioria dos mortais estava pensando em chegar cedo no aeroporto, o saguão já estava um tumulto, típico de dias que antecedem o carnaval. E nós, tranquilamente, indo tomar um café. Bingo!

O vôo para Manaus saiu pontualmente com meia hora de atraso. Fusos horários à parte, chegamos na hora marcada e sem saber o que fazer para ocupar as próximas seis que ficaríamos aguardando o vôo para Orlando. Tentamos sair para dar um passeio na cidade. Idéia da Renata, e ligeiramente boicotada por mim, que já estava em pânico na possibilidade de chegar em cima da hora para o próximo vôo. Meu santo é forte e a chuva que desabou sobre a capital manaura, mais ainda. Planos abortados. Resolvemos aguardar no aeroporto mesmo. Em poucos instantes, chegou o resto da trupe e o grupo ficou definitivamente formado. Quatro adultos, uma pós-adolescente e seis crianças, entre 4 e 10 anos. Minha precaução mostrou-se muito sábia. Entre declaração de bens na Receita Federal, almoço, novo checkin e imigração, o tempo voou. E pontualíssimamente, dez minutos antes do horário marcado, o vôo da Copa Airlines decolou do Brasil com destino ao Panamá, nossa escala antes de Orlando.

Viagem perfeita. A tal Copa Airlines é muito boa para o que cobra. Serviço de bordo honesto, poltronas confortáveis, tripulação simpática. O detalhe é que, apesar da paranóia de segurança americana, se os terroristas descobrirem o Panamá, o império de Bush corre perigo. Não existe raio-x, a revista de bagagem de mão é feita pelas próprias de umas panamenhas recém saídas da adolescência, e à bordo circulam livrementes os inesquecíveis talheres de metal!!!! Pousamos na hora exata em Orlando.

Aí, caros leitores, começa a maratona!!! Imigração, pega bagagem, abre mochila, joga a bagagem em nova trilha de inspeção, tira sapato, tira cinto, tira tudo, novo raio-x, pega metrô. Pra quem chegou em Orlando, duas da manhã, horário do Brasil, depois de um dia INTEIRO de viagem, quase 24 horas no ar, só muita vontade de curtir o Mickey pra manter o bom humor dos adultos e crianças acordadíssimas!

O saldo das primeiras horas em território americano: Pedro perdeu o casaco e a blusa de frio. Isso tudo, antes de sair do aeroporto!!!

O nosso carro parece uma ambulância. Branco. Grande. 12 lugares. GPS ligado, vamos em busca do hotel. No caminho, começa a interação agradável com os binários americanos. Pedágio. Só aceitam notas de, no máximo, 20 dólares. A minha menor era de 50! A Nancy me olha com cara de “você pirou???? Estou pouco me lixando pro que você vai fazer, mas o problema é inteiramente seu, se às duas horas da manhã (hora local) você acabou de chegar no país, não tem uma nota de 20 dólares, tem 6 crianças à bordo de um carro alugado, está numa estrada deserta e escura e não conhece nada nem ninguém”. Eu lembrei do meu dólar da sorte, que mantenho na minha carteira por anos. Lá se foi ele. Cumpriu sua função na minha vida. Deveria ter seguido a sugestão da Juliana: “Tio, não paga pedágio. Diz pra moça que a gente não é daqui e não vai usufruir da melhorância de estrada!!!”.

Instalados, eram quase três da manhã, quando dormimos finalmente!!! A festa já vai começar!!!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Mickey, here we go!!!






Desde criança, sempre fui fascinado pelo mundo. Adorava folhear atlas, conhecer países através das letras e fotos, decorar capitais, continentes, atrações turísticas. Lembro de uma amiga da minha mãe, solteirona, que viajava o mundo inteiro naquelas excursões "32 países em 28 dias", e na volta fazia sesões de slide (!!!!!) na casa dela para mostrar os lugares por onde passsou. Eu tinha cadeira cativa nessas reuniões. Viajava junto. Mergulhava nas cores pálidas da projeção na parede e, muito antes do Leonardo di Caprio, me sentia o "King of the World".

Não precisa dizer que a Disneylândia (é...na minha época era assim que a gente chamava) era um ícone. Babava na abertura de um programa com esse nome que a Globo exibia nos sábados, às 18hs. Ao som de "Para ser feliz é preciso ser...", mostrava uma panorâmica do parque, com o show de fogos de artifício explodindo por trás do castelo da Cinderela. Vários amigos meus, fizeram a tradicional excursão. Cada volta às aulas, mais e mais notícias do mundo do Mickey Mouse. Meus pais não tinham grana sobrando pra isso. Mas eu tinha certeza que um dia eu ia. E fui. Nas primeiras férias de gente grande....isso já há quase 20 anos. O prazer de realizar o sonho, e by myself as always, foi indescritível. Alguns anos depois, levei a Renata. Foi a primeira de várias viagens pelo mundo. Até que vieram os meninos....mudou o formato das férias. Depois de algumas temporadas de resorts, estamos quebrando um paradigma e jogando os garotos na nossa praia. A primeira viagem internacional. O sonho deles realizado e eu me dando conta que agora, de sonhador passei à realizador dos sonhos das quatro figurinhas mais importantes da minha vida.

Viajaremos na quinta. Tentarei atualizar o blog diariamente, transformando isso aqui, temporariamente num diário de viagens. Vai depender do estado físico depois de um dia inteiro brincando nos parques.

Enquanto isso, lá em casa....

O Cezar quer ter um blog. Já tem até nome: fala Cezinha! Perguntei o que ele ia escrever lá, e ele disse que ia comentar as notícias que ele ouvia no jornal. Absurdamente antenado, ele é quase um clipping ambulante. Dá conta de todas as notícias...das mais domésticas até as internacionais. Precisa dizer que eu quase explodi de orgulho? Assim que o blog tiver no ar, eu divulgo o endereço, que ele já escolheu: http://www.falacezinha.inf.br/. Questionado pelo .inf, ele respondeu que era um blog de informações, logo....ah, ele tem 7 (SETE!!!) anos...

O João recebeu o boletim do curso de inglês. Com um selo de "Primeiro da Classe"!!! Ok, nem precisa insistir no discurso que não preciso pressionar pelo dez, mas....caralho, foi bom demais!!! Melhor que gol do Mengão em final de campeonato!

E à partir desse exato instante, eu me declaro de férias!!!! Quinze dias sem pensar em trabalho, sem pensar em quota, sem pensar em Brasil Telecom!!!

Fui!






sábado, 26 de janeiro de 2008

O menino e os saraus


Lá pelos idos de 2000, a gente costumava fazer uns saraus na casa da Val e do João. Bons tempos de trocar palavras, emoções e cultura. Uma vez, a Val pediu que cada um levasse algo que lembrasse a criança que um dia tínhamos sido. Eu escrevi o texto abaixo, que agora resolvi postar aqui:


Meu menino escrevia poesia.

Meu menino ouvia música.

Mas meu menino bem sabia correr o mundo feito cachorro sem dono.

Meu menino adorava festas. E guaraná Wilson.

Meu menino já tinha ídolos. Eles melhoraram com o tempo....

Ou o tempo melhorou o menino.

Meu menino adorava festas. E pudim de leite.

Meu menino viajava sozinho. Pilotando os próprios aviões e aterrisando em pistas dos muros baixos da vizinhança.

Meu menino cantava em inglês, sem saber o que era forever nem mistake.

Meu menino sonhava muito e amava, já menino, uma Brasília distante.

Meu menino adorava festas. E cachorro quente.

Meu menino caminhava e falava sozinho.

Meu menino trepava em árvores e caía muito delas junto com mangas e cajús.

Caçava calangos e namorava as estrelas. Do cinema e da TV.

Meu menino ia à missa. Lia na missa. Cantava na missa.

Meu menino adorava festas. E feijoada de lata.

Meu menino jogava basquete. Fazia teatro e queria ganhar um oscar.

Meu menino tinha uma irmã.


Meu menino tem 4 filhos e uma mulher.

Meu menino joga baralho. Vai ao teatro e assiste ao Oscar.

Meu menino adora festas. E feijoada de lata.

Meu menino não vai à missa. Mas reza em casa.

Meu menino não caça nada, mas namora uma estrela. Em casa.

Meu menino não trepa em árvores.

Meu menino caminha e fala sozinho.

Meu menino adora festas. E cachorro quente.

Meu menino sonha muito e ama, ainda menino, Brasília. Pra sempre.

Meu menino canta em inglês. Escreve em inglês. Fala inglês.

Meu menino viaja sozinho.

Meu menino adora festas. E pudim de....não....e profiteroles.

Meu menino tem poucos ídolos. Eles mudaram com o tempo.

O tempo não mudou o menino.

Meu menino adora festas. E guaraná Wilson.

Meu menino sabe correr o mundo, mas não é dono de nenhum cachorr.

Meu menino ouve música.

Meu menino ainda escreve poesias. Mas não mostra pra quase ninguém....


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Ainda sob o impacto do Caçador de Pipas, há muito pouco a dizer...


Fui ver "O Caçador de Pipas". Ainda tento buscar palavras para comentar o filme. Não é uma obra-prima. Mas, no meu caso pelo menos, é um catalisador de emoções fortes, que quase me faz pagar um mico daqueles inesquecíveis. Em alguns momentos do filme, eu estive muito perto de perder o controle e chorar desbragadamente, tremendo o queixo e soluçando alto. Me controlei um pouco. Chorei baixinho e contido. O filme é excelente. A atuação das crianças, principalmente o Hassan, é perfeita. A história é uma das melhores contadas nos últimos tempos. Redonda. Justa. Cheia de matizes diversas que dão margens à mil interpretações. Será uma história de amizade, de abnegação, de subserviência, de reparação? É uma história de relação humana. Com tudo que isso tem de bom e de ruim. Uma história de culpa, de inveja, de covardia e de raiva. Uma história de admiração, de respeito, de coragem. Percebem as mil contradições? Quer espelho mais fiel da nossa vidinha? Lá no Afeganistão e aqui. Na Malásia ou na Polônia. Na Guiné Bissau ou em Vancouver. Os sentimentos são os mesmos. Travestidos de cultura, costumes, leis ou simplesmente, ações e reações. Sempre há jeito de ser bom de novo. Não que na minha opinião, ele tenha sido ruim. Mas vai daí a complexidade da coisa. Sempre há jeito de enxergar diferente.


Vejam o filme. Esqueçam as críticas. Tem um monte delas dizendo que o filme carece de emoção. Tem que ser uma pedra da gelo pra falar isso. Ou sou eu que tô me derretendo à toa?



quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Gente, espelho da vida doce mistério







Escrever é uma cachaça! Aliás, para a analogia ficar mais próxima desse bloggeiro, é um espumante da melhor qualidade! Junte-se à isso, um punhado de amigos do peito que teimam em elogiar e se emocionar com essas bobeiras que posto aqui, pronto: temos um escorpiano obcecado por assuntos, frases, fatos, filmes ou o que quer que renda mais de um parágrafo. Assim tem funcionado o meu processo criativo. Tenho estado sempre alerta, buscando sensações ou tentando transcrever tudo que acontece ao meu redor. Lógico que 98% das coisas que passam pela minha cabeça acabam longe daqui. Ou por não serem de interesse público ou simplesmente por serem pensamenso insanos e indecentes que só cabem à minha mente viajandona.






Essa semana eu quis escrever sobre um monte de coisa. Ando me emocionando com frases soltas que ouço por aí. Ando pensando um bocado sobre pessoas e suas reações. Tenho visto muita gente perdida, achada, se achando, perdoando, buscando a harmonia, sendo sensata, sendo insensata, sendo honesta ou fingindo ser. Gente buscando apenas a felicidade e gente cega pra felicidade que bateu na porta. É muito bom observar pessoas. Acompanhar reações. Tentar entender movimentos e mecanismos. Somos adoráveis máquinas desgovernadas. Programadas para funcionar num padrão, mas que de repente, sem aviso ou alarme, mudamos completamente o rumo da prosa. Simplesmente porque foi mais forte. E o quê é mais forte? O sentimento, a razão, o outro, a circunstância, o tempo, o desejo, a noção ou a falta dela. Isso dá pano pra muita manga. O fato é que eu tenho tentado achar um tom e um padrão pra isso aqui, mas tá complicado. Tem sido muito mais prazeroso falar de seres humanos e suas vidas anônimas, do que comentar filmes, livros e cd´s. Tem gente achando que tá muito pessoal. Tem gente adorando e se emocionando. Seria fascinante viver como o vouyer. Criando histórias em cima de fatos isolados, aos quais, como Deus, damos a continuidade e a precedência que melhor nos aprouver. Não. Nem tudo tem final feliz. E eu nem gosto muito deles. Talvez porquê finais são felizes, mas são finais. Eu prefiro as coisas em permanente construção. Sempre buscando melhores práticas. Sempre dando corda pra mais um capítulo. Encarando cada fala como uma etapa, que pode ou não mudar radicalmente na folha seguinte. À isso chama-se também esperança. Ou então, maturidade pra voltar atrás quando achar que deve. Vá entender. E para quê entender e decifra o enigma? Se o bom é ficar pensando e elocubrando sobre as vicissitudes da vida! Como dizia Caetano, Gente quer comer, Gente quer ser feliz, Gente quer respirar ar pelo nariz!






Não posso deixar de falar de "Desejo e Reparação". Não acabei o livro. Não tenho tirado boas notas na disciplina "paciência". Não consegui esperar. Fui ver no domingo. Não posso falar muito, sob pena de estragar o melhor do filme que é a construção dos fatos. Tive que parar de ler no meio uma matéria no Correio Braziliense, que contava tudo o que acontece. E nesse filme, você não precisa saber nada. Vá. Sente. Veja. E aí, chore com vontade. Mesmo sem derramar uma lágrima, como eu fiz. Deleite-se com uma fotografia perfeita, um figurino estupendo e uma trilha sonora emocionante. Em diversos instantes me lembrou "E o Vento Levou...". Definitivamente é um épico. Muito mais bem construído. Muito menos meloso. Mas é daqueles filmes que você sempre vai querer rever. Pra odiar os mesmos personagens. Para torcer pelo mesmo par romântico. E....melhor mudar de assunto para não estragar as surpresas.






Na mesma linha, vem aí "O Caçador de Pipas". Esqueça o que a Veja disse sobre o filme. Só pelo trailler já dá pra sentir que é pra encher baldes. Estréia amanhã. Eu vou ver sábado!

sábado, 12 de janeiro de 2008

Silêncio

Hoje eu não quero dizer coisa nenhuma. Quero aquecer os pensamentos que vêem e vão e guardá-los só para mim. É tempo de recolher flaps e mergulhar no mundo de Cecilia Tallis e Robbie Turner. Preciso acabar esse livro pra poder ver o filme que já estreou!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

The eye in the sky



As músicas entram na nossa vida de maneira interessante. Nem bem acabo de fechar a minha lista de 31, como que de repente, surge uma nova canção pra compôr a trilha sonora da minha vida. Basta um instante mágico, uma luz encantadora no ar, um cheiro talvez, uma risada anônima dada com vontade ou sabe-se lá que sentido mais apurado registrando alguma sensação, e pronto! A música se instala na nossa memória, e hoje isso significa entrar no meu iPod, e tocar infinitamente, como se querendo buscar na lembrança a repetição do momento, que muitas vezes nem lembramos direito qual foi. Daí, tenho cantado repetidas vezes "Believe me, the sun in your eyes made some of the lies worth believing....I am the eye in the sky looking at you i can read your mind".

Hoje, como de costume, acordei muito cedo. Aproveitei o tempo pra devorar o que me restava do "Ensaio sobre a cegueira". Chorei. Não sei se de emoção pela perfeição da obra que meus olhos devoraram, ou se de saudade dos personagens a quem acabei me afeiçoando. A mulher do médico, o primeiro cego, a rapariga de óculos escuros, a mulher do primeiro cego, o médico, o rapazinho estrábico, o homem da venda preta. Figuras sem nome próprio, mas dotadas de personalidade tão bem descritas, que construiu-se no meu imaginário toda a história da vida deles. Exagerado como sou e no auge dessa primeira saudade, elenco como o melhor livro que já li na vida. Olhar por olhos que não vêem. Imaginar um mundo privado de um dos cinco sentidos, onde é preciso apurar os outros quatro, mesmo que isso muitas vezes cause mais problemas que vantagens. Uma situação surreal, mas que entrou de tal forma no meu inconsciente, que por diversas vezes me peguei preparado para cegar á qualquer instante. Vale à pena cada linha. Deleita-se com cada construção de frase, cada diálogo, cada verbo conjugado. Como o próprio autor diz em determinado trecho, que diferença pouco notada faz na vida um adjetivo, um advérbio e um substantivo bem empregado. Agora me resta esperar o filme. Encontrar de novo os meus amigos e dar-lhes as feições que o Fernando Meirelles escolheu.

Estreando novo tema no blog, agora vou incluir por vezes, comentários gastronômicos, fruto dessa mania que eu tenho de comer bem. Ontem conheci o Templo Mediterrâneo, na 212 Sul. Ambiente de extremo bom gosto, agradável, próprio pra infindáveis conversas temperadas com uma caipirinha de frutas diversas e especiarias. A comida, deve-se dizer, parece mais saborosa no menu do que propriamente no prato. Não que não seja boa. Acima da média, eu diria. Mas falta-lhe um toque que o tranforme de alimento em experiência gustativa. De resto, foi uma das noites mais agradáveis. Excelente trilha sonora, parecia que feita sob encomenda pra mim. Um tributo ao U2, estilo lounge. Não houve quem arrancasse da gerente, o nome do CD. Mas eu vou pesquisar e aviso pra todo mundo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Paciência

Promessa de ano novo é coisa séria. Feita com antecedência, elaborada em sessões de auto análise, sem nem uma pontinha do ímpeto comum àquelas ditas ao léo, no pular das ondas do dia 31, essas então dão trabalho! Porque parece que o mundo conspira pra te testar nos primeiros instantes de janeiro ou então sou eu que, paranoicamente, já procuro me provar o tempo todo.
Eu quero provar da paciência dos sábios. Saber esperar é uma arte. Não correr atrás dos fatos e das idéias. Deixá-las chegar com o tempo que elas tem pra vir. Caralho, isso não é pra mim!!! Mas eu tenho que superar metas. É sempre um prazer especial pra um escorpiano provar quem manda no boteco. Mesmo que o boteco seja meu!!!! Mas se eu aprendi a dirigir (achava que nunca seria capaz), passei no vestibular, , aprendi a apreciar legumes, verduras e sushi, estou me tornando um corredor e a barriga tanquinho tá quase pronta (ok, só eu enxergo isso, mas quem tem que enxergar sou eu mesmo!!!) , porque não conseguir esperar????????????????? Virou mantra. Se faltam quinze minutos, eu espero até vinte. Se eu posso ir hoje, espero amanhã. Tento, e por enquanto são apenas tentativas infrutíferas, não ligar à todo instante pra cobrar o desenrolar das coisas. Espero ter vontade pelo menos cinco vezes, antes de discar. Dói. Fisicamente, dói esse tal de ter paciência. Ok. Como tudo na minha vida é intenso, eu acabo me cobrando mais do que devo, aí fico puto e estrago tudo. Mas estou treinando pra ser gente grande e aprender algumas coisinhas sobre auto controle e disciplina.
Ok. Eu já não posso dizer que estou bebendo menos. No final de semana foram algumas caixas de cerveja e três ou quatro garrafinhas de um espumante básico. Essa eu vou administrar aos poucos, pra não entrar em crise de abstinência. Até porque, paciência sóbrio é mais complicado. Por algum lugar tem que sair a ansiedade e a bebida é ótimo diurético.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Algumas poucas palavras sobre coisa nenhuma


Estou lendo Saramago. Isso não é fácil. Não pelo texto rebuscado e frases formadas num português elegante e nativo. Mas principalmente porquê é inebriante, espantoso e de deixar qualquer reles mortal se sentindo um nada diante da vida e das letras. Mas faz um bem danado, perceber que o ano mal começou e estou diante de uma obra-prima que faz o cérebro funcionar de com força e espantar a poeira do raciocínio e da erudição que habita esse pobre escriba. Daí pra pensar muito, é um pulo....



Pensar na vida faz bem, mas dá trabalho. Amazônia ou Noronha? Vinho tinto na lareira ou champagne na praia? Claro ou escuro? Brut ou demi-sec? A vida é cheia de opções. Algumas excludentes. Outras complementares. Me pego brincando de bate-bola no programa da Marília Gabriela, como se fosse uma figura pública. Tudo isso pra montar um mosaico da minha personalidade e avaliar se precisa mudar alguma coisa. É preciso mudar sempre. E não adianta. Vocês não vão fugir disso (há sempre a opção de parar de ler aqui e fechar a página). Tem muita coisa pra reavaliar antes do próximo 11 de novembro. Não que eu não esteja satisfeito. Mas, não que eu também esteja. Será que alguma hora a gente está? Sim. Morto.



Li esses dias, que com o avanço da tecnologia e as mudanças de comportamento, 40 anos equivale ao que era 30 há 20 anos atrás. Ou seja, o auge da vida foi postergado por uma década. A geração 80 amadureceu, mas continuamos com o gás que nossos pais não tinham na nossa idade. Ainda posso aprender a surfar. Pretendo correr uma maratona. Ok, meia. Me sinto mais jovem que aos 30. Meus olhos brilham diferente e eu vejo isso no espelho, nos dias que resolvo fazer a barba, que aos 30 era uma obrigação diária. Acordo cada dia mais cedo. Isso tem sido um problema. Agora passei pra casa das 5 horas, com muito custo. Durante dois ou três dias, acordei antes disso. Coisa de velho? Pode ser. Mas resolvi. Se acordar esse horário de novo, vou pular da cama e ler. Aproveitar o tempo extra que a vida está me dando. Pra ler e divagar. Escrever também é uma boa opção. E correr. Muito. Tal e qual Forrest Gump. Não por acaso, a trilha sonora do meu reveillon.



Quando antes, essa era hora de colocar no ponto morto, pra desacelerar aos 50, eu estou com o pé forte em cima do acelarador. Querendo cada vez mais de mim, da vida e de quem me cerca. Tudo agora precisa fazer algum sentido, mesmo que seja nenhum. Pra cada prato, a vida preparou um vinho. Pra cada momento, tem uma música e uma luz. Pra cada ação, uma reação e aí vamos entrar no terreno da física, que eu praticamente desconheço com mais profundidade. E questiono. E se pra cada ação, a gente pensasse bastante antes de reagir? O mundo não seria mais harmonioso? Certamente evitaríamos algumas caras feias.



Enfim, vamos andando. O ano começou muito bem. Cercado de amigos e de idéias. Já bebi a primeira Veuve Clicquot. E o ano não tinha feito nem 24 horas. Sinal de prosperidade. Já trabalhei bastante. Sinal de bons negócios. Já sorri pra nada e pra tudo. Sinal de felicidade.



Bom ano-novo!