quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Algumas poucas palavras sobre coisa nenhuma


Estou lendo Saramago. Isso não é fácil. Não pelo texto rebuscado e frases formadas num português elegante e nativo. Mas principalmente porquê é inebriante, espantoso e de deixar qualquer reles mortal se sentindo um nada diante da vida e das letras. Mas faz um bem danado, perceber que o ano mal começou e estou diante de uma obra-prima que faz o cérebro funcionar de com força e espantar a poeira do raciocínio e da erudição que habita esse pobre escriba. Daí pra pensar muito, é um pulo....



Pensar na vida faz bem, mas dá trabalho. Amazônia ou Noronha? Vinho tinto na lareira ou champagne na praia? Claro ou escuro? Brut ou demi-sec? A vida é cheia de opções. Algumas excludentes. Outras complementares. Me pego brincando de bate-bola no programa da Marília Gabriela, como se fosse uma figura pública. Tudo isso pra montar um mosaico da minha personalidade e avaliar se precisa mudar alguma coisa. É preciso mudar sempre. E não adianta. Vocês não vão fugir disso (há sempre a opção de parar de ler aqui e fechar a página). Tem muita coisa pra reavaliar antes do próximo 11 de novembro. Não que eu não esteja satisfeito. Mas, não que eu também esteja. Será que alguma hora a gente está? Sim. Morto.



Li esses dias, que com o avanço da tecnologia e as mudanças de comportamento, 40 anos equivale ao que era 30 há 20 anos atrás. Ou seja, o auge da vida foi postergado por uma década. A geração 80 amadureceu, mas continuamos com o gás que nossos pais não tinham na nossa idade. Ainda posso aprender a surfar. Pretendo correr uma maratona. Ok, meia. Me sinto mais jovem que aos 30. Meus olhos brilham diferente e eu vejo isso no espelho, nos dias que resolvo fazer a barba, que aos 30 era uma obrigação diária. Acordo cada dia mais cedo. Isso tem sido um problema. Agora passei pra casa das 5 horas, com muito custo. Durante dois ou três dias, acordei antes disso. Coisa de velho? Pode ser. Mas resolvi. Se acordar esse horário de novo, vou pular da cama e ler. Aproveitar o tempo extra que a vida está me dando. Pra ler e divagar. Escrever também é uma boa opção. E correr. Muito. Tal e qual Forrest Gump. Não por acaso, a trilha sonora do meu reveillon.



Quando antes, essa era hora de colocar no ponto morto, pra desacelerar aos 50, eu estou com o pé forte em cima do acelarador. Querendo cada vez mais de mim, da vida e de quem me cerca. Tudo agora precisa fazer algum sentido, mesmo que seja nenhum. Pra cada prato, a vida preparou um vinho. Pra cada momento, tem uma música e uma luz. Pra cada ação, uma reação e aí vamos entrar no terreno da física, que eu praticamente desconheço com mais profundidade. E questiono. E se pra cada ação, a gente pensasse bastante antes de reagir? O mundo não seria mais harmonioso? Certamente evitaríamos algumas caras feias.



Enfim, vamos andando. O ano começou muito bem. Cercado de amigos e de idéias. Já bebi a primeira Veuve Clicquot. E o ano não tinha feito nem 24 horas. Sinal de prosperidade. Já trabalhei bastante. Sinal de bons negócios. Já sorri pra nada e pra tudo. Sinal de felicidade.



Bom ano-novo!


Um comentário:

Ana Laura disse...

E viva 2008!
A propósito, qual livro do Saramago estás a ler?