terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Queridos Amigos




Tentar definir amizade e amigos, sem cair no clichê, é impossível. Portanto, pulemos essa parte. Vamos direto ao que interessa. Algumas pessoas colecionam selos. Outras colecionam postais. Deve haver alguma mocinha romântica que ainda coleciona papéis de carta. Eu coleciono amigos. Desde sempre. Sempre prezei. Sempre busquei. Sempre cuidei. Sou capaz de um telefonema no meio do domingo melancólico, lá pelas seis da tarde, para aquele amigo que não vejo há dez anos. Ligo e converso como se tivéssemos encontrado na balada de sexta à noite. A intimidade entre amigos é algo que não se perde com o tempo. Está eternamente inserida na construção de uma relação atemporal e independente de laços sanguíneos que perdura enquanto houver a ternura e a necessidade de amar fraternalmente alguém. Uma frase longa que pode se resumir em "amizade é bom pra caralho"!

Talvez por tudo isso, "Queridos Amigos" seja tão a minha cara. Pra quem não sabe do que se trata é a nova minissérie da Globo, adaptação de um livro da Maria Adelaide Amaral por ela mesma, que estreou semana passsada. Desde que começou o burburinho da produção eu sabia que ia adorar. Esperei ansioso a estréia, como há muito não aguardava nenhuma produção de TV. Foi show de bola. Emoção do começo ao fim.

O argumento está longe de ser inédito. Reunião de amigos afastados pelo tempo, normalmente diante de um acontecimento triste e fatal. Ou morte ou doença muito grave. O tema já foi brilhantemente explorado no cinema em "O Reencontro" e "Invasões Bárbaras". E eu já falei sobre isso aqui no blog, e sobre a minha vontade de fazer igual algum dia. Morrer rodeado de amigos.

Maturando bem o tema, acho que posso fazer diferente. Mudar o mood dessa história e reuní-los para festejar. O quê? Nada de datas redondas, nem comemorativas. Festejar o fato de termos nos tornado muito amigos um dia. Se o tempo espalhou cada um para um lado, se casamos várias vezes ou nenhuma, se temos filhos, os perdemos, ou temos proles numerosas, se eu bebo prosecco, o outro bebe cerveja e um dia bebemos muito vinho barato, pouco importa. Durante horas, que sejam, somos de novo uma turma. Celebremos as brigas que um dia tivemos. Sempre é tempo de perdoar e tentar entender que porra você apenas queria dizer ao invés do que eu teimei em entender. Coisa de adolescente ou não, o fato é que um dia nos reunimos em torno de assuntos comuns, cuidamos das vidas uns dos outros, choramos romances desfeitos, comemoramos trepadas ansiadas, vibramos com o primeiro emprego ou o notão na prova final. Mais do que isso, vamos celebrar o fato de um dia termos precisado visceralmente de alguém, mesmo que esse alguém, hoje, seja quase um estranho. Não seja o outro que um dia viveu naquele corpo, mas que voltará rapidinho ao primeiro chamado, nem que seja para um abraço forte e demorado. Tirando os filhos e os amores, nada mais do que isso, prova e quantifica o sentido da nossa existência. Posso dizer, sem falsa modéstia, que eu daria um ótimo Léo. Sem a morte eminente, por favor. Adoro reunir. Saber como está. Perguntar pela mãe, pelo pai e pelo irmão. Relembrar namoros passados. Cruzar pares desfeitos. Secar lágrimas sofridas. Chorar junto de alegria. Brindar o reencontro, mesmo sabendo que passaremos novamente anos sem nenhum contato. Mas guardando no coração aquele momento e todos os outros passados. Reconhecendo trejeitos e emoções, mesmo que estejam disfarçados e acobertados pelos anos, agruras e movimentos que a vida fez com os soldadinhos de chumbo que no fundo somos. Apresentar aos nossos filhos, o nosso passado. Nu e cru. Com direito à micos revelados e saias justas. Juntar o amigo do jardim de infância com o amigo de infância que você fez no ano passado. E deixá-los comparar entre si, quem somos, quem fomos e cagar pro que seremos.

Infelizmente, não conto com o orçamento de produção da Globo. E nem todo mundo tem a mesma disposição. Daí, sigo sonhando com isso. Ou reunindo pequenos grupos. Mandando emails. Ligando domingo à noite. Encontrando na academia. Pesquisando no Google. Talvez um dia escreva algo baseado nisso. Não vou me preocupar em ser original. Vários não foram e produziram histórias lindas. Material não falta. Farei uma reunião virtual ou quem sabe não apareçam todos na noite de autógrafos, nem que seja pra me dar porrada por ter revelado os segredos inconfessáveis confiados no tempo e que supunhamos enterrados por este.

P.S. Estou lendo o livro que originou a minissérie. É tão bom quanto....

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Encerrando a história


Não quero parecer novela do SBT que é retirada do ar sem maiores explicações. Portanto, em respeito aos leitores que acompanhavam a nossa viagem, vou encerrar a narrativa.


Sexto dia, Busch Gardens. Uma hora e pouco de viagem de Orlando. Aquela estrada reta, lisa, monótona. Nenhum buraquinho. Nenhuma ultrapassagem perigosa. Nenhum carro velho atravancando a pista. Ou seja, muito monótono.


O parque estava vazio. Se não fosse por meia dúzia de velhinhos que tinham ido prestigiar um show de uma big band, seria inteiramente nosso. O Busch Gardens é um grande zoológico, rodeado por montanhas russas. À cada temporada, quando não há mais nada para inventar, aparece uma nova. Cada vez mais ousada, mais adrenalizante, mais estupidamente emocionante. Oito loopings, sete descidas em espiral, pernas ao vento, mais loopings, quedas vertiginosas, arrancadas de proporções espaciais e um ser humano pálido e nauseado desembarcando três minutos depois, com cara de uma fruta centrifugada, mas feliz! Vá entender....pagamos, e caro, para nos submetermos à isso.


Essa montanha russa da foto abaixo foi a última da viagem. Depois disso, caí em mim, e percebi a estupidez da coisa. Deu. Na próxima viagem, quem sabe. Mas suspeito que a idade é inversamente proporcional à nossa disposição para passar por esses dissabores. Nos postamos sentados numa cadeira, pernas ao ar, tal e qual uma camiseta pendurada num varal. O troço sobe, sobe, sobe e pára. O tempo de rezar uma Ave-Maria. Um pequeno movimento e ela gira 90 graus, e pára novamente. Você, à uma altura de uns 100 metros, e o chão. Frente à frente. Daria pra rezar uma Salve Rainha, mas tudo que você consegue é pensar na infeliz da mãe rampeira do escroto maldito que projetou aquele brinquedo insano. A queda. Repentina. Veloz. E o caralho mais bem pronunciado da sua história de vida. Acabou? Nada. Mais uns loopings, subidas e descidas que essa altura pareciam brincadeira de playground de brinquedoteca de shopping, outra parada, outro giro de 90 graus, você de volta ao face to face com o chão, aquele puto seu conhecido, e nova queda. Dessa vez, mais veloz, e encontro à um espelho d'água onde surpreendentemente a gente não encosta. Agora sim. Fim. Crianças aos berros de "quero mais". E eu, único adulto demente à participar dessa aventura, em busca da porta da saída e do resto de sanidade mental que ainda pudesse aproveitar. Não adianta. Não há mais nada a falar do parque. Tudo se resume nessa experiência única de encontro com todos os seus medos, teoricamente protegido pela excelência americana.


O dia seguinte, sexta-feira, fomos à um dos melhores parques da cidade. Prime Outlet. Diversão total. Surto consumista desenfreado no seu estágio mais alto. Diversão garantida. Graças à ajuda da Nívea, nossa amiga residente no local, a Renata desembestou a comprar. E como comprou. Sapato, bolsa, cinto, e roupa. Muita roupa. Apesar de insistência da Nívea para irmos ao Millenia, segundo ela "o meu shopping", em nome da saúde financeira da família nos próximos cinco anos, preferi me abster. E eu, que já tinha dado por encerradas as minhas aquisições, consegui cometer mais algumas necessidades básicas. De lá, passamos na casa dela, conhecemos o adorável Anthony, revimos o sempre muito gentil Márcio (o marido da Nívea) e fomos pro Magic Kingdom, ver a parada noturna. Nós e a torcida do Flamengo, do River Plate e do New York Nicks. Parque absurdamente lotado, após um dia de compras, não podia dar em nada muito bom. Foi o tempo de ver os fogos e ir embora. Deixamos parte do grupo no hotel, voltamos na casa da Nívea para buscar as malas que tínhamos deixado lá, ainda tomamos uma cervejinha, e cama!


Último dia: Universal Studios. Brinquedo do ET, Tubarão, Shreck. Excelente. Nenhum comentário adicional. Exaustos. Só pensávamos no retorno. Que foi tranquilo. Com direito à nova escala no Panamá, umas últimas compras no free shop local e um vôo para Manaus. Fim da epopéia. De volta ao Brasil varonil. Com todas as suas falhas e discrepâncias. Com toda a morosidade dos serviços. Com preços sobretaxados violentamente por impostos que não vão dar em nada. Mas, o nosso país! Que felicidade ouvir o bom e velho português. Não há nada melhor que a nossa casa. Mesmo que ela seja suja e dessarumada. É o nosso canto. O nosso sorriso. A nossa malícia. O nosso calor.


Pra fechar com chave de ouro, vou transcrever abaixo um comentário da Bel, nossa companheira de viagem, sobre o piripaco que Renata teve no Mission Space (ver blog do segundo dia de viagem):


Como INTEGRANTE desse grupo e testemunha ocular do "siricutico múltiplo" da Rê, quero registrar que o Marcus economizou nos detalhes! É importante deixar registrado tudo que ela gritou a plenos pulmões: "Não dá!", "Me tira daqui!", "Abre essa porta!", "Abre essa porta!". E eu lá... com todas as minhas técnicas de relaxamento: "Rê, respira fundo! Fecha os olhos e respira!" Nada adiantou...Ela bateu no painel do simulador, chutou a cabine, esperneou!Finalmente uma boa alma abriu a porta.O pior de tudo???? Ficamos sem o comandante da nave! SIMMMMM ela era a comandante!!!Restou ao piloto (Eraldo) e a navegadora (Izabel) rezar para que conseguissemos voltar a terra sem a valorosa presença da comandante que surtou antes do lançamento.FOI MUITO BOM, Rê!!!!


Hoje é dia de Mengão no Maraca. Mais um título à vista!! E amanhã, se eu conseguir, preciso falar de "Queridos Amigos". É muito bom!! Necessário! Imperdível! E como diz a Val, "a minha cara"!






sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Só pra dar notícias


Pra quem tá acompanhando a nossa epopéia...hoje não vai dar pra postar nada! Estou morrendo de sono....fica a foto acima pra vocês terem idéia do que eu passei. Prometo contar em detalhes amanhã!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Sexto dia: Island of Adventure (ou, Scooby Dooooo, cadê você, meu filho!!!)


Quem me conhece sabe a dificuldade que tenho para mudar planos. Ainda mais quando esses foram feitos após detalhados estudos e verificações. Mas diante do que foi o dia anterior no Magic Kingdom, o dia de hoje que seria de compras até 3 da tarde e depois novamente o mesmo parque para completar, mudou para o Island of Adventure. Um pouco mais de emoção para evitar tédio e cansaço, como se fosse possível ter uma coisa e evitar a outra. Não tive como argumentar contra essa idéia e foi a melhor decisão que tomei. O Island é o melhor parque da cidade até agora.


Primeiro porquê é novo. Pra mim tem cheiro de novidade. Segundo, porquê é muito mais interativo. Praticamente entramos numa grande história em quadrinhos com todos os PUMF's, POW's e #%$*!!! que temos direito. Uma enxurrada de super heróis transitando no meio do povo, montanhas russas espetaculares com doze loopings, espirais, shakes, bate e volta e você saindo de lá esverdeado e zonzo. Brinquedos de ensopar a alma. Foi o dia mais divertido. Rimos muito. Repetimos brinquedos. O parque estava vazio. Viramos mais crianças que qualquer uma das outras seis que estão conosco. Não é todo dia que a gente dá de cara com o Wolverine, aperta a mão do Homem-Aranha, ganha beijo da Betty Boop e abraça o Popeye e a Olívia.


O resto do dia, adivinhem??? Compras. Eu consigo ser rápido e objetivo. Comprei quase tudo que eu queria. Não foi no Outlet, obviamente. Minha mulher não tem a mesma qualidade. Ou seria defeito??? Não comprou nada. Mas eu prometo ajudá-la a consumir. Amanhã, darei notícias sobre isso.
Pra completar o dia feliz, achamos um restaurante onde se podia comer mais que hamburguer e cachorro quente. Era tipicamente americano, mas com direito à camarão frito e steak. Eu acho que em Roma, como os Romanos. Preferi não arriscar e fui de Super Burguer bacon. Mas quem resolveu pedir comida de verdade não se arrependeu. Podia ser a fome. Mas a Nancy do lugar também era simpaticíssima, atendeu todos os nossos pedidos, explicou todas as dúvidas, e mereceu cada dólar da gorjeta deixada. Foi a cereja do dia!


Quinto dia: Magic Kingdom


O parque mais esperado, por nós adultos, acabou se mostrando datado demais. Essa geração dos meninos quer emoção e interatividade, e o Magic Kingdom é um parque para se apreciar. O castelo da Cinderela não diz absolutamente nada para eles. Pelo menos para os meus, que acham castelinho de princesa coisa de menininha. A idéia era passar metade do dia no parque e usar a outra metade para as compras. O calor infernal aliado à ansiedade de ir atrás do famigerado Nintendo DS fez com que eles quisessem fazer um tour express. Nós, que também já estavámos no limite do cansaço, não fizemos muita pressão para ser diferente. Eu não cheguei a me decepcionar, mas queria ter visto mais entusiasmo da parte deles e ao mesmo tempo, entendo perfeitamente a falta de empolgação.


Três da tarde, fomos às compras. Depois de ter rodado metade de Orlando, com direito a amanhecer numa loja de brasileiros, soube através de outros brasileiros que havia uma loja no Florida Mall onde tinha o tal DS. Deixei a Renata num Outlet e rumei pra lá com os quatro. Detalhe: o Florida Mall deve ter umas 300 lojas e eu não fazia idéia em qual o garoto que vimos no parque tinha comprado. Mas eu tenho faro bom pra isso. Não demorou muito para achar a tal loja, negociar algumas modificações no pacote - sim, o cara não vendia o DS simplesmente, mas um combo que vinha acompanhado de duas fitas - para não levar quatro joguinhos da Zelda pra casa, e finalmente a missão dada era missão cumprida.


De resto, o Outlet estava fraquíssimo. O Natal por aqui, pelo visto, foi arrasador. Não sobrou calça Diesel sobre calça Diesel. Em termos de compras, saímos frustrados. E as crianças, mortas de cansaço.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Quarto dia: MGM Studios


Esse é meu parque preferido na Disney. De todos é o mais pobre em brinquedos. Mas as referências cinematográficas me deixam sem saber pra que lado olhar. É tudo absolutamente hollywoodiano e não posso deixar de lembrar do meu pai. You must remember this! O parque passou por uma série de modificações desde que estive aqui da última vez. Novos brinquedos, novos shows, mas o encanto da sétima arte permanece incrustrado em cada detalhe cenográfico.


Chegamos cedo e pegamos de cara a parada do High School Musical. Eu cantei junto com os meninos a trilha que já sei decorada de tanto que eles ouvem. Fomos para uma atraçao que passeia através de filmes clássicos do cinema americano. Engraçado como as atrações envelhecem. Lembro que há mais de quinze anos, quando fui pela primeira vez nesse brinquedo, tudo me parecia muito mais real. Os meninos não entenderam muito a minha emoção, mas sacaram o valor histórico da coisa. Os menos radicais pularam a montanha russa do Aerosmith e o Elevador que despenca. No meio de um calor senegalesco, o almoço para todos foi a típica coxa de Peru americana. Um exagero de gordura. Depois disso, um show de dublês e um final apoteótico num anfiteatro, onde antes do show começar ensaiamos um duelo de gritos de guerra com argentinos em excursão!


Fim do dia? Enganam-se redondamente. Mais uma rodada de compras. Agora num hipermercado. Dois carros lotados de coisinhas miúdas e outras nem tanto assim. Outro surto consumista. Tudo é absurdamente barato. Mas nem por isso, precisávamos comprar caixas de bandaid, luminárias de jardim, porta-retratos e mais não foi porquê eu tentei frear os impulsos da minha mulher, que chegou a sugerir estoque de presente de aniversário pra criança.


Saímos de lá quase uma da manhã. E aqui estou eu, cumprindo meu papel de bloggeiro, antes de cair em sono profundo. Amanhã o dia promete. Magic Kingdom até 3 da tarde e....shopping!!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Terceiro dia: Animal Kingdom


Domingão é domingão em qualquer lugar do mundo. Sol à pino. Conseguimos chegar no parque na hora da abertura. Nós e toda a torcida do Orlando Magics. Nancy´s, Bob´s, Terry´s e Phil's com tudo que isso dá direito. Obesos disformes, velhinhos simpáticos, bebês rosados e um figurino de matar o Falcão de inveja e a gente de rir.

Eu não conhecia esse parque. Me impressionou a riqueza cenográfica. Para cada olhar, um detalhe. Em cada detalhe um cuidado especial com a fidelidade. Foi o dia de ir a Ásia, subir o Everest, passear pela Índia de mil deuses, fazer rafting com direito à encharcar-se novamente e rir disso tudo. Pagando em dólar. O tal do Disney soube fazer e perpetuar. Mil bichos, um discurso ainda mais ecológico e uma árvore linda. Imponente. Segura. Sustentando o círculo da vida do Simba.

Essa história mexe comigo. Não sei se por falar da relação de admiração entre um pai e um filho. Pela beleza do desenho. Pelas músicas perfeitas. E o parque é todo muito Lion King. Não precisa dizer que o show desse tema me fez escorrer umas lágrimas discretas. É meu personagem favorito.

Tudo acabou em compras. O primeiro dia do surto coletivo. Tênis Nike por 25 dólares? Compra três. Camiseta por 15? Desce quatro. Não tivemos nem tempo. Mas em pouco mais de 45 minutos conseguimos realizar o supremo prazer do consumismo desenfreado. E lá se foram algumas doletas.

O destaque negativo do dia foi saber que o tal Nintendo DS, sonho de consumo dos garotos, está em falta desde o Natal. A cara de tristeza dos quatro, no meio de uma Best Buy desabastecida de tudo, foi de cortar o coração. Ainda não sei como vou resolver essa parada, mas isso ainda vai dar pano pra manga.

Segundo dia: Epcot Center


Seguindo sugestões do amigo Lu, chegamos mais tarde no Epcot. DEZ HORAS DA MANHÃ. O parque realmente não estava muito lotado. Foi o primeiro parque da Disney. Isso faz toda a diferença. Não que os demais sejam ruins. Mas a excelência no mundo do entretenimento e do serviço tem nome e sobrenome e atende por Walt Disney.


A visão daquela bola imensa formada de milhares de triângulos remete à um futuro imaginário que já bateu na nossa porta. A idéia de uma comunidade experimental autosustentável e ecologicamente correta faz um sentido absurdo nos dias de hoje, quando a palavra de ordem é preservação de recursos naturais. O toque de midas é transformar isso em diversão. A piada do dia é parar tudo para tirar a indispensável foto da bola com o grupo todo à frente. Bola toda, bola ao fundo, pedaço da bola, segura a bola, sustenta a bola e dá-lhe bits e bites transformando-se em pixels.


O grande barato de uma viagem para Disney é viver as mais variadas sensações, transportar-se para todos os cantos do mundo, em todas as épocas da história, sem sair do lugar. Voamos de asa delta sobre a Califórnia. Encontramos dinossauros. Testamos carros à 160 Km/hora. Brincamos de astronauta, e isso merece um parágrafo à parte.


O Lu tinha avisado, eu tinha lido e minha intuição dizia que o tal Mission Space era uma furada. Um simulador de treinamento para um vôo ao espaço. Eu não nasci para o espaço. Meu lugar é aqui na mãe Terra. Mas, diante de pedidos insistentes das crianças, como recusar? Duas filas: laranja e verde. Uma com emoção e outra sem. Óbvio que fomos na segunda alternativa, mesmo sob protestos infantis. Grupos divididos, eu entro num com o Pedro e o Cezar. Renata entra noutro com a Bel e o Eraldo (os outros dois adultos do grupo). No terceiro, apenas crianças. Na hora que a porta se fechou, e eu me vi enclausurado naquele espaço mínimo, junto com duas crianças, bateu a paúra. Respira fundo. Controle. Nada vai acontecer e eu não posso desesperar para não assustar os garotos. Pai tem disso. Só conseguia pensar na Renata e como ela estaria se saindo no outro simulador. Algo me dizia que a coisa não estava bem. Enfim, segurei a onda e conseguir sair ileso. Quando encontrei a Bel, soube que a coisa não esteve bem. Aliás, esteve péssima. Logo que a porta fechou, minha mulher teve um ataque. Gritou, esperneou, bateu nas portas e não houve Cristo, muito menos bom senso que a fizesse recuperar o juízo. A Bel e o Eraldo passaram momentos de pânico tentando trazê-la para o mundo racional, mas nessas horas é exatamente a irracionalidade da situação que nos faz surtar. Parece que depois de intermináveis, para todos, segundos de pavor, apareceu um daqueles funcionários sorridentes que a retirou do brinquedo. Junto com ela, mais uns cinco.


Depois disso, nada de maiores emoções radicais. Tentamos passear pelo pavilhão dos países, mas o frio e o cansaço não nos deixou ir longe. Sentamos para ver os fogos, eu consegui duas taças do legítimos champagne francês para brindar à felicidade de poder proporcionar essa viagem aos meninos.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Primeiro dia: Sea World


Primeiro dia. Destino Sea World. Baleias, golfinhos, pingüins e afins. E crianças com os olhos brilhando de alegria. Pra estrear em grande estilo, um brinquedo daqueles que te ensopam a alma. E daí pra frente, uma sucessão de “Ah’s!!! e Oh’s!!!”, fotos, nenhuma fila e uma enxurrada de brasileiros no caminho. Os caras sabem fazer o show e arrancar a emoção. Até momento solene de agradecimento aos “jovens que estão dando sua vida na guerra por nós americanos” rolou. E conseguiu emocionar. Com o patrocínio do louco do Bush.

Descobri que a montanha russa é excelente para liberar o estresse. Oito loopings depois, eu tinha xingado em altíssimo e bom português todos os palavrões que aprendi em quase quarenta anos de vida. Dois minutos intermináveis depois, desembarcamos com a sensação de alma lavada, enxaguada e retorcida e um estômago absolutamente revirado.

Os americanos continuam, em sua grande maioria, intratáveis. Os imigrantes que conseguem trabalho formal continuam, em sua grande maioria, simpaticíssimos. Muitos velhos trabalhando. Ou como disse a Renata, mulheres precocemente envelhecidas. Jantamos num Pizza Hut vazio, e pra pedir uma segunda rodada de refrigerantes, eu tive que ir atrás da Nancy, para descobrir que não só ela, mas a Lucy, a Dorothy, a Peggy e o Mike (todos os funcionários do lugar) estavam lá fora fumando. Ok! Paciência. Podemos esperar!!!!

Hoje, vamos ao Epcot! Vou tentar postar em dia, mas nem sempre será possível!

Um dia inteiro de viagem e sorrisos no rosto!

Não tem jeito. O DNA é a outra certeza da vida, junto com a morte. Tal como meu pai, eu sempre fui paranóico com horário de vôo. Detesto a mínima chance de ficar retido em terra, por qualquer motivo que seja. Overbooking, atraso, cancelamento ou qualquer uma dessas agruras que fazem do ato de voar no Brasil, uma sublime aventura. Se a viagem for de férias, então...cuidado redobrado. Ou seja, para um vôo que partia às 9:50 da manhã, às 7:15 eu já estava saindo de casa. Fui na frente com o João, que queria aprender fazer checkin. Merecida prudência. Tudo absolutamente tranqüilo. Às 8:40, quando a maioria dos mortais estava pensando em chegar cedo no aeroporto, o saguão já estava um tumulto, típico de dias que antecedem o carnaval. E nós, tranquilamente, indo tomar um café. Bingo!

O vôo para Manaus saiu pontualmente com meia hora de atraso. Fusos horários à parte, chegamos na hora marcada e sem saber o que fazer para ocupar as próximas seis que ficaríamos aguardando o vôo para Orlando. Tentamos sair para dar um passeio na cidade. Idéia da Renata, e ligeiramente boicotada por mim, que já estava em pânico na possibilidade de chegar em cima da hora para o próximo vôo. Meu santo é forte e a chuva que desabou sobre a capital manaura, mais ainda. Planos abortados. Resolvemos aguardar no aeroporto mesmo. Em poucos instantes, chegou o resto da trupe e o grupo ficou definitivamente formado. Quatro adultos, uma pós-adolescente e seis crianças, entre 4 e 10 anos. Minha precaução mostrou-se muito sábia. Entre declaração de bens na Receita Federal, almoço, novo checkin e imigração, o tempo voou. E pontualíssimamente, dez minutos antes do horário marcado, o vôo da Copa Airlines decolou do Brasil com destino ao Panamá, nossa escala antes de Orlando.

Viagem perfeita. A tal Copa Airlines é muito boa para o que cobra. Serviço de bordo honesto, poltronas confortáveis, tripulação simpática. O detalhe é que, apesar da paranóia de segurança americana, se os terroristas descobrirem o Panamá, o império de Bush corre perigo. Não existe raio-x, a revista de bagagem de mão é feita pelas próprias de umas panamenhas recém saídas da adolescência, e à bordo circulam livrementes os inesquecíveis talheres de metal!!!! Pousamos na hora exata em Orlando.

Aí, caros leitores, começa a maratona!!! Imigração, pega bagagem, abre mochila, joga a bagagem em nova trilha de inspeção, tira sapato, tira cinto, tira tudo, novo raio-x, pega metrô. Pra quem chegou em Orlando, duas da manhã, horário do Brasil, depois de um dia INTEIRO de viagem, quase 24 horas no ar, só muita vontade de curtir o Mickey pra manter o bom humor dos adultos e crianças acordadíssimas!

O saldo das primeiras horas em território americano: Pedro perdeu o casaco e a blusa de frio. Isso tudo, antes de sair do aeroporto!!!

O nosso carro parece uma ambulância. Branco. Grande. 12 lugares. GPS ligado, vamos em busca do hotel. No caminho, começa a interação agradável com os binários americanos. Pedágio. Só aceitam notas de, no máximo, 20 dólares. A minha menor era de 50! A Nancy me olha com cara de “você pirou???? Estou pouco me lixando pro que você vai fazer, mas o problema é inteiramente seu, se às duas horas da manhã (hora local) você acabou de chegar no país, não tem uma nota de 20 dólares, tem 6 crianças à bordo de um carro alugado, está numa estrada deserta e escura e não conhece nada nem ninguém”. Eu lembrei do meu dólar da sorte, que mantenho na minha carteira por anos. Lá se foi ele. Cumpriu sua função na minha vida. Deveria ter seguido a sugestão da Juliana: “Tio, não paga pedágio. Diz pra moça que a gente não é daqui e não vai usufruir da melhorância de estrada!!!”.

Instalados, eram quase três da manhã, quando dormimos finalmente!!! A festa já vai começar!!!