sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Minhas 31 canções


Em 2003, o Nick Hornby, um escritor inglês contemporâneo e muito interessante, lançou um livro com as 31 canções da sua vida. Desde então, eu tenho tentado fazer a minha lista. Não é fácil pra uma pessoa que aos 4 anos, punha um LP pra rodar no dedo indicador e cantava sem parar. Sempre fui fascinado por música e quem me conhece sabe disso. Quem não conhece, logo fica sabendo. Hoje, última sexta-feira do ano, pouco o que fazer aqui no escritório, saí viajando por minhas lembranças e acabei a tal lista. Acabar é um termo um pouco definitivo demais para uma lista dessas. Mas digamos, que hoje, ela está fechada. Tem de tudo. Clássicos. Rock. Brega. Roberto Carlos e Fábio Jr, como não??!!!! Cada uma delas, me leva à um momento bom do meu passado. São músicas que eu paro pra escutar, independente de onde esteja. A grande maioria, me emociona muito. Não vou pôr em ordem. Não existe ordem pra isso. Existem músicas e sentimentos.


Nona Sinfonia de Beethoven - Ode à alegria - Emociona, faz vibrar o peito, pura emoção!

Beatriz - Pura poesia...nas mais diferentes versões. Me leva para sempre...

Don´t let the sun go down on me - Baladinha do Elton John. Experimentem o dueto com George Michael.

Bad (do U2) - Trilha sonora de muitas tardes da minha adolescência...regado à aditivos nada lícitos!

Like a prayer - Lembro que parei o carro e desci pra dançar...numa madrugada qualquer da asa norte...sóbrio? opa...

Rosa - Genial Cartola. A versão da Marisa Monte enche os olhos d'água e o coração de ternura.

Eu sei que vou te amar - A declaração de amor mais perfeita que alguém um dia concebeu, à espera de viver ao lado teu por toda a minha vida.

Don´t you forget about me - Feche os olhos, solte a voz e dance até cansar. Lava a alma.

I still haven´t found what i´m looking for - Primeiro LP comprado com o primeiro salário. Marcou a minha vida. U2, sem comentários.

A manhã de Peer Gynt - Música de dia perfeito.

Outra vez - Esquecer pra quê? A lembrança é um cômodo onde cabe um bocado de coisa. Esse é o caso de amor mais bem resolvido da história da MPB.

Terra - Grande Caetano. Só ele pra produzir essa obra-prima, preso na cela de uma cadeia.

Both sides now - Versão de 2000, da Joni Mitchell.

Stars - Caindo direto das estrelas nos seus braços. Leve, dançante, romântica. Simply Red na veia.

I don´t wanna talk about it - Já pensei em gravar um CD com umas vinte versões dessa música. Linda. Ouviria sem parar.

Bohemian Rapsody - Queen. Única.

Não quero dinheiro (só quero amar) - Espero para ver se você vem, não te troco nessa vida por ninguém, porquê eu te amo, eu te quero bem. Não tem nada melhor pra cantar aos berros, pulando e dançando numa festa animada. Experimentem nesse reveillon.

My way - Minha vida. Meu pai. Essa música resume tudo. For what is a man, what has he got.

One - A música. U2 novamente. A versão com Mary J. Blidge, eu ouço uma vez por dia, pelo menos. Me faz sentir vivo. Me faz acreditar na vida, no mundo. We're one, but we're not the same.

Sometimes you can´t make it on your own - Mais U2. Nem precisa dizer que é a banda da minha vida. Escrita pelo Bono pro pai dele. Me faz chorar. Me faz lembrar. Me faz dizer coisas que eu queria ter dito e não tive tempo.

É hoje - Pra quem tem certeza que é o dono dessa festa. Eu tenho que sou da minha, onde a tristeza nem pode pensar em chegar.

Angels - Hino de proteção divina. Acredite, alguém lá em cima gosta de você pra caralho!

Feel - Se um dia eu puder fazer uma tatuagem no antebraço, eu escreveria um verso dessa música: 'Cause I got too much love running through my veins

Quase sem querer - Quem não precisava provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém? Essa música diz tudo. A obra-prima do Renato Russo.

Your song - Outra que merece quinhentas versões. E todas elas são perfeitas. Queria eu poder dar uma canção de presente pra alguém e ainda chamá-la de simples...

O segundo sol - A melhor música do Nando Reis. A melhor interpretação da Cássia Eller.

Como é grande o meu amor por você - Quantas vezes já nos vimos sem palavras pra descrever o tamanho do nosso amor. Recorremos ao tamanho do infinito, das galáxias, do universo, do oceano.

Quando gira o mundo - Ah, Fábio Jr é um capítulo à parte na minha vida. Eu faria uma outra lista só pra ele...

Non, je ne regrette rien - Piaf. Faria tudo de novo.

Beautiful day - U2. Preciso explicar?

Where the streets have no name - Outra do genial Bono Vox. Também do emblemático Joshua Tree. O primeiro disco do resto da minha vida.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Balanço Final


Foram boas as rabanadas e melhor ainda, o espumante. Passion. Cor da vida que a gente quer. O texto de sempre. O rito de sempre. Pequenas sutilezas dando a cara e o tom desse natal de 2007. A família em versão pocket, o calor nem tão escaldante do Rio de Janeiro, as crianças absolutamente convencidas do formato "poucos presentes e muita emoção". Ganharam livros. Como no ano passado. Como todos os anos enquanto eu viver. Falei isso pra eles e não vi nenhum sinal de descontentamento. O Bernardo quis repartir o pão. Logo ele, que detesta as aulas de ensino religioso, pelo visto aprendeu bem o sentido da coisa. O sentido da comunhão. De almas e histórias. Vamos combinar que a data é triste. Sei lá porquê, mas não me lembro do último natal de felicidade plena. Por mais que estejamos com os nossos, martela uma dorzinha do fundo do peito que se encarrega de manter os olhos constantemente marejados. Quando toca "and so this is christmas" então, disfarça e chora pra não ter que se explicar pra quatro figurinhas que ainda, graças à Deus, só vêem alegria nessa noite.


Agora vem a reta final. Onde a coisa mais pesa. Se a noite de 24 foi só saudade, a de 31 é de olhar pra frente. Estabelecer metas. Agradecer o que passou. Lavar a alma. Eu lavei antecipadamente na praia, já que estarei no Planalto Central. Nunca me liguei nessas coisas de mar lavando nada além da sunga mijada, mas esse ano entrei no mar repetidas vezes e senti que à cada vez saía mais leve. Acho que eu busquei essa purificação. Larguei no mar gelado da Barra da Tijuca um monte sentimentos ruins. Pedi aos deuses paciência. Sabedoria. Tranquilidade. Paz. Confiança. Acho que juntando isso tudo, dá pra ter um ano muito bom. Não busco mudanças radicais, mas acho que precisamos todos de uma chacoalhada. Pra terem idéia, já me passou até pela cabeça um retiro espiritual. Pra quem me conhece, sabe que o próximo passo é o surto total. Nada que um Rivotril não resolva.



É a hora das listas. Dos melhores e piores momentos. De separar nas gavetas o que foi bom e o que foi ruim. Todo mundo sonha em ficar empurrando a primeira gaveta que não quer fechar. Mas normalmente, as duas fecham fácil. Eu tenho tido dificuldades de classificar. Ando numa fase pollyanna, e consigo ver coisas boas em tudo. Um saco isso. O escorpião sempre em busca de uma presa para destilar o seu veneno.



O que foi bom? Novos amigos. Sempre. Laços firmados para toda a vida. O corpo. Mereceu cuidado especial e respondeu à altura. Saúde foi o ponto forte. Trabalho. Muita labuta, muita pressão e um resultado espetacular. Queria minha parte em dinheiro, mas me conformando com o reconhecimento. Ponho na conta pra cobrar mais tarde. Bernardo. Foi muito bom vê-lo respondendo à todas as terapias e lendo ao final do ano. Parabéns para todos nós, envolvidos e comprometidos com essa causa.




O que foi ruim? A distância de amigos. Saudade. Os excessos. Pouca leitura. Pouca viagem. Pouca escrita. Muito pouca. Eu diria que emburreci um pouco em 2007. Saudade dos saraus. De papos inteligentes. Nenhum filme maravilhoso. Nada pra guardar pra sempre na lembrança. Nenhuma canção pra entrar na lista das 20 da vida inteira.




Aliás, acho que essa foi a característica mais marcante de 2007. O ano do instant tudo. Tudo fez sentido por 10 minutos. Blogs, flogs, programas de relacionamento virtual. Já não recebo tantas ligações. Tudo agora é scrap. O email me alcança no blackberry. Os amigos se formam em comunidades virtuais. Bons amigos, é verdade. A rede mundial virou uma praça de encontros. Tudo se discute por e-meios. Briga-se. Faz-se as pazes. Discute-se a relação. Juntam-se os cacos.


Queria ter ficado mais no Rio. O sol estava me fazendo muito bem. Pedalar na beira da praia, sentindo o vento batendo no rosto, ipod no ouvido e pensamento nas alturas. Aquela cidade é mágica, mas isso é tema pra outro texto.




Tenho a nítida sensação que ainda tem muito a ser escrito. Ainda em 2007. São ondas de inspiração. A dor no peito não passa rápido. Não nessa época do ano. Então, desconto no teclado e nos ouvidos dos que se aventuram a ler isso aqui...rs. Boa parte vai pro lixo. Talvez devesse ir ainda mais. Mas agora me sinto mais à vontade. Não aviso mais ninguém. Quem entrou aqui, o fez porque quis. Só posso agradecer e pedir paciência. Textos melhores virão. E eu ando sem grana pra pagar uma terapia.





quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

TIM TIM


O ano passou e eu nem vi. Mentira. Não só vi, como contei minutos e segundos. Chegou o natal, mas esse ano sem aquela necessidade brutal de inserir-me no espírito natalino e sair por aí comprando sem parar. Acho que vou entrar em 2008 com outros valores e outras pressas. Pressa de ser ainda mais feliz. De viver cada dia após o outro, como se não houvesse mais nenhum. O quadragésimo. O fatal. O primeiro do resto da minha vida. Quantos primeiros do resto da minha vida eu já vivi? Estou sempre recomeçando. Nunca de onde parei. Mas de onde deu vontade.


A palavra se enclausurou de novo. Bati na porta incontáveis vezes. Se recusava à sair. De repente, do nada, fui postar um comentário no blog da Lalá e vi que tinha um monte pra ser dito.


Como não falar dos últimos livros que eu li?


Homem Comum, de Philipe Roth. Retrato de uma geração de homens à qual não pertenci. Um pouco anterior à minha, mas que abriu uma porrada de fronteiras e construiu uma caralhada de barreiras pra gente saltar. Uma crônica sobre a impotência masculina diante das fatalidades do corpo. A gente se recusa a admitir que não somos donos e soberanos de tudo. Principalmente do que a gente carrega pra lá e pra cá. Uma hora ele vem e avisa quem manda. Queda dos imbatíveis.


Na Praia, de Ian McEwan. O melhor livro que eu li no ano. Se fosse escrever a resenha do livro, mudaria tudo que está escrito lá. Não é um livro sobre a última geração antes da liberação sexual. É um livro sobre escolhas e consequências. Faz a gente parar pra pensar no que seria de nossas vidas, se a gente tivesse feito A e não B. Divertido. Denso. Bem escrito demais. O presente de natal do ano pra quem você gosta muito. Não há chance de errar.


Baile das Lobas - Volume I, de Mireile Camel. Presente da Teka. Uma saga daquelas de acompanhar sob luz de velas. Roteiro perfeito pra um filme com Isabelle Adjani, se ela ainda tivesse idade pra representar a heroína da história. O volume II fica pro ano que vem, Tekinha. Estou aprendendo a domar minha ansiedade.


Aliás, esse é o meu desafio pra 2008. Quero sair menos. Beber menos. Fumar menos. Gastar menos. Todos esses menos que eu tenho querido praticar derivam desse próximo: ser menos ansioso. Mais controlado. Nas emoções. Nas brigas. Nos conceitos. Nos valores. Nas decisões. Ouvir mais. Falar menos. Entender o outro. Ser mais relax. O que é meu é meu. Exercitar o exorcismo da escorpianice. Hehehe. Neologismos à parte, é o que eu preciso fazer. Também preciso reaprender o papel da vírgula no meu texto. Ok, tem hora que é estilo e tem hora que é erro. Mas eu acho que ando exagerando. Como em tudo que faço.


O que nunca é demais é amar. Isso tem que ser sempre mais. Muito mais. Meus filhos, minha mulher, meus amigos, novos amigos e os inimigos também. Amar inimigos é tratá-los cada vez melhor, ou seja, tratá-los com desdém. Sai escorpião!!!


Retomando, como não falar de Piaf?


Não é o melhor filme do ano. Mas é um daqueles filmes que você vai rever pro resto da sua vida. Em pequenas partes. Quando quiser ouvir aquela voz rasgada e sofrida gritar por você que não lamenta porra nenhuma e que faria tudo outra vez. Quando quiser chorar de emoção e ter certeza que mais forte que as porradas que a vida dá, é a capacidade que temos de levantar a cabeça e olhar de frente para tudo e dizer: foda-se! Estou de pé e isso é o que importa!


Como não falar do Bernardo? Ele aprendeu a ler!!! Esse foi o melhor presente de natal que eu ganhei na minha vida! E vou chorar mil vezes, cada vez que lembrar do sorriso dele com um olhar marejado dizendo que aprendeu a ler pra me presentear. Filho, o meu presente é você. Eu te amo enlouquecidamente e quero ver você cada vez mais brilhante.


Enfim, amigos...o ano acabou! Agora é peru, rabanada, família, prosecco e praia. Não necessariamente nessa ordem e nas mesmas quantidades. E quando você pensar que não tem mais nada pra acontecer, a vida ainda te dá de presente um amanhecer fantástico pra olhar da sacada, com um sorriso no rosto e brilho no olhar!


Feliz Natal e um 2008 do caralho para todos nós!


Tim, tim!!!