sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Minhas 31 canções


Em 2003, o Nick Hornby, um escritor inglês contemporâneo e muito interessante, lançou um livro com as 31 canções da sua vida. Desde então, eu tenho tentado fazer a minha lista. Não é fácil pra uma pessoa que aos 4 anos, punha um LP pra rodar no dedo indicador e cantava sem parar. Sempre fui fascinado por música e quem me conhece sabe disso. Quem não conhece, logo fica sabendo. Hoje, última sexta-feira do ano, pouco o que fazer aqui no escritório, saí viajando por minhas lembranças e acabei a tal lista. Acabar é um termo um pouco definitivo demais para uma lista dessas. Mas digamos, que hoje, ela está fechada. Tem de tudo. Clássicos. Rock. Brega. Roberto Carlos e Fábio Jr, como não??!!!! Cada uma delas, me leva à um momento bom do meu passado. São músicas que eu paro pra escutar, independente de onde esteja. A grande maioria, me emociona muito. Não vou pôr em ordem. Não existe ordem pra isso. Existem músicas e sentimentos.


Nona Sinfonia de Beethoven - Ode à alegria - Emociona, faz vibrar o peito, pura emoção!

Beatriz - Pura poesia...nas mais diferentes versões. Me leva para sempre...

Don´t let the sun go down on me - Baladinha do Elton John. Experimentem o dueto com George Michael.

Bad (do U2) - Trilha sonora de muitas tardes da minha adolescência...regado à aditivos nada lícitos!

Like a prayer - Lembro que parei o carro e desci pra dançar...numa madrugada qualquer da asa norte...sóbrio? opa...

Rosa - Genial Cartola. A versão da Marisa Monte enche os olhos d'água e o coração de ternura.

Eu sei que vou te amar - A declaração de amor mais perfeita que alguém um dia concebeu, à espera de viver ao lado teu por toda a minha vida.

Don´t you forget about me - Feche os olhos, solte a voz e dance até cansar. Lava a alma.

I still haven´t found what i´m looking for - Primeiro LP comprado com o primeiro salário. Marcou a minha vida. U2, sem comentários.

A manhã de Peer Gynt - Música de dia perfeito.

Outra vez - Esquecer pra quê? A lembrança é um cômodo onde cabe um bocado de coisa. Esse é o caso de amor mais bem resolvido da história da MPB.

Terra - Grande Caetano. Só ele pra produzir essa obra-prima, preso na cela de uma cadeia.

Both sides now - Versão de 2000, da Joni Mitchell.

Stars - Caindo direto das estrelas nos seus braços. Leve, dançante, romântica. Simply Red na veia.

I don´t wanna talk about it - Já pensei em gravar um CD com umas vinte versões dessa música. Linda. Ouviria sem parar.

Bohemian Rapsody - Queen. Única.

Não quero dinheiro (só quero amar) - Espero para ver se você vem, não te troco nessa vida por ninguém, porquê eu te amo, eu te quero bem. Não tem nada melhor pra cantar aos berros, pulando e dançando numa festa animada. Experimentem nesse reveillon.

My way - Minha vida. Meu pai. Essa música resume tudo. For what is a man, what has he got.

One - A música. U2 novamente. A versão com Mary J. Blidge, eu ouço uma vez por dia, pelo menos. Me faz sentir vivo. Me faz acreditar na vida, no mundo. We're one, but we're not the same.

Sometimes you can´t make it on your own - Mais U2. Nem precisa dizer que é a banda da minha vida. Escrita pelo Bono pro pai dele. Me faz chorar. Me faz lembrar. Me faz dizer coisas que eu queria ter dito e não tive tempo.

É hoje - Pra quem tem certeza que é o dono dessa festa. Eu tenho que sou da minha, onde a tristeza nem pode pensar em chegar.

Angels - Hino de proteção divina. Acredite, alguém lá em cima gosta de você pra caralho!

Feel - Se um dia eu puder fazer uma tatuagem no antebraço, eu escreveria um verso dessa música: 'Cause I got too much love running through my veins

Quase sem querer - Quem não precisava provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém? Essa música diz tudo. A obra-prima do Renato Russo.

Your song - Outra que merece quinhentas versões. E todas elas são perfeitas. Queria eu poder dar uma canção de presente pra alguém e ainda chamá-la de simples...

O segundo sol - A melhor música do Nando Reis. A melhor interpretação da Cássia Eller.

Como é grande o meu amor por você - Quantas vezes já nos vimos sem palavras pra descrever o tamanho do nosso amor. Recorremos ao tamanho do infinito, das galáxias, do universo, do oceano.

Quando gira o mundo - Ah, Fábio Jr é um capítulo à parte na minha vida. Eu faria uma outra lista só pra ele...

Non, je ne regrette rien - Piaf. Faria tudo de novo.

Beautiful day - U2. Preciso explicar?

Where the streets have no name - Outra do genial Bono Vox. Também do emblemático Joshua Tree. O primeiro disco do resto da minha vida.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Balanço Final


Foram boas as rabanadas e melhor ainda, o espumante. Passion. Cor da vida que a gente quer. O texto de sempre. O rito de sempre. Pequenas sutilezas dando a cara e o tom desse natal de 2007. A família em versão pocket, o calor nem tão escaldante do Rio de Janeiro, as crianças absolutamente convencidas do formato "poucos presentes e muita emoção". Ganharam livros. Como no ano passado. Como todos os anos enquanto eu viver. Falei isso pra eles e não vi nenhum sinal de descontentamento. O Bernardo quis repartir o pão. Logo ele, que detesta as aulas de ensino religioso, pelo visto aprendeu bem o sentido da coisa. O sentido da comunhão. De almas e histórias. Vamos combinar que a data é triste. Sei lá porquê, mas não me lembro do último natal de felicidade plena. Por mais que estejamos com os nossos, martela uma dorzinha do fundo do peito que se encarrega de manter os olhos constantemente marejados. Quando toca "and so this is christmas" então, disfarça e chora pra não ter que se explicar pra quatro figurinhas que ainda, graças à Deus, só vêem alegria nessa noite.


Agora vem a reta final. Onde a coisa mais pesa. Se a noite de 24 foi só saudade, a de 31 é de olhar pra frente. Estabelecer metas. Agradecer o que passou. Lavar a alma. Eu lavei antecipadamente na praia, já que estarei no Planalto Central. Nunca me liguei nessas coisas de mar lavando nada além da sunga mijada, mas esse ano entrei no mar repetidas vezes e senti que à cada vez saía mais leve. Acho que eu busquei essa purificação. Larguei no mar gelado da Barra da Tijuca um monte sentimentos ruins. Pedi aos deuses paciência. Sabedoria. Tranquilidade. Paz. Confiança. Acho que juntando isso tudo, dá pra ter um ano muito bom. Não busco mudanças radicais, mas acho que precisamos todos de uma chacoalhada. Pra terem idéia, já me passou até pela cabeça um retiro espiritual. Pra quem me conhece, sabe que o próximo passo é o surto total. Nada que um Rivotril não resolva.



É a hora das listas. Dos melhores e piores momentos. De separar nas gavetas o que foi bom e o que foi ruim. Todo mundo sonha em ficar empurrando a primeira gaveta que não quer fechar. Mas normalmente, as duas fecham fácil. Eu tenho tido dificuldades de classificar. Ando numa fase pollyanna, e consigo ver coisas boas em tudo. Um saco isso. O escorpião sempre em busca de uma presa para destilar o seu veneno.



O que foi bom? Novos amigos. Sempre. Laços firmados para toda a vida. O corpo. Mereceu cuidado especial e respondeu à altura. Saúde foi o ponto forte. Trabalho. Muita labuta, muita pressão e um resultado espetacular. Queria minha parte em dinheiro, mas me conformando com o reconhecimento. Ponho na conta pra cobrar mais tarde. Bernardo. Foi muito bom vê-lo respondendo à todas as terapias e lendo ao final do ano. Parabéns para todos nós, envolvidos e comprometidos com essa causa.




O que foi ruim? A distância de amigos. Saudade. Os excessos. Pouca leitura. Pouca viagem. Pouca escrita. Muito pouca. Eu diria que emburreci um pouco em 2007. Saudade dos saraus. De papos inteligentes. Nenhum filme maravilhoso. Nada pra guardar pra sempre na lembrança. Nenhuma canção pra entrar na lista das 20 da vida inteira.




Aliás, acho que essa foi a característica mais marcante de 2007. O ano do instant tudo. Tudo fez sentido por 10 minutos. Blogs, flogs, programas de relacionamento virtual. Já não recebo tantas ligações. Tudo agora é scrap. O email me alcança no blackberry. Os amigos se formam em comunidades virtuais. Bons amigos, é verdade. A rede mundial virou uma praça de encontros. Tudo se discute por e-meios. Briga-se. Faz-se as pazes. Discute-se a relação. Juntam-se os cacos.


Queria ter ficado mais no Rio. O sol estava me fazendo muito bem. Pedalar na beira da praia, sentindo o vento batendo no rosto, ipod no ouvido e pensamento nas alturas. Aquela cidade é mágica, mas isso é tema pra outro texto.




Tenho a nítida sensação que ainda tem muito a ser escrito. Ainda em 2007. São ondas de inspiração. A dor no peito não passa rápido. Não nessa época do ano. Então, desconto no teclado e nos ouvidos dos que se aventuram a ler isso aqui...rs. Boa parte vai pro lixo. Talvez devesse ir ainda mais. Mas agora me sinto mais à vontade. Não aviso mais ninguém. Quem entrou aqui, o fez porque quis. Só posso agradecer e pedir paciência. Textos melhores virão. E eu ando sem grana pra pagar uma terapia.





quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

TIM TIM


O ano passou e eu nem vi. Mentira. Não só vi, como contei minutos e segundos. Chegou o natal, mas esse ano sem aquela necessidade brutal de inserir-me no espírito natalino e sair por aí comprando sem parar. Acho que vou entrar em 2008 com outros valores e outras pressas. Pressa de ser ainda mais feliz. De viver cada dia após o outro, como se não houvesse mais nenhum. O quadragésimo. O fatal. O primeiro do resto da minha vida. Quantos primeiros do resto da minha vida eu já vivi? Estou sempre recomeçando. Nunca de onde parei. Mas de onde deu vontade.


A palavra se enclausurou de novo. Bati na porta incontáveis vezes. Se recusava à sair. De repente, do nada, fui postar um comentário no blog da Lalá e vi que tinha um monte pra ser dito.


Como não falar dos últimos livros que eu li?


Homem Comum, de Philipe Roth. Retrato de uma geração de homens à qual não pertenci. Um pouco anterior à minha, mas que abriu uma porrada de fronteiras e construiu uma caralhada de barreiras pra gente saltar. Uma crônica sobre a impotência masculina diante das fatalidades do corpo. A gente se recusa a admitir que não somos donos e soberanos de tudo. Principalmente do que a gente carrega pra lá e pra cá. Uma hora ele vem e avisa quem manda. Queda dos imbatíveis.


Na Praia, de Ian McEwan. O melhor livro que eu li no ano. Se fosse escrever a resenha do livro, mudaria tudo que está escrito lá. Não é um livro sobre a última geração antes da liberação sexual. É um livro sobre escolhas e consequências. Faz a gente parar pra pensar no que seria de nossas vidas, se a gente tivesse feito A e não B. Divertido. Denso. Bem escrito demais. O presente de natal do ano pra quem você gosta muito. Não há chance de errar.


Baile das Lobas - Volume I, de Mireile Camel. Presente da Teka. Uma saga daquelas de acompanhar sob luz de velas. Roteiro perfeito pra um filme com Isabelle Adjani, se ela ainda tivesse idade pra representar a heroína da história. O volume II fica pro ano que vem, Tekinha. Estou aprendendo a domar minha ansiedade.


Aliás, esse é o meu desafio pra 2008. Quero sair menos. Beber menos. Fumar menos. Gastar menos. Todos esses menos que eu tenho querido praticar derivam desse próximo: ser menos ansioso. Mais controlado. Nas emoções. Nas brigas. Nos conceitos. Nos valores. Nas decisões. Ouvir mais. Falar menos. Entender o outro. Ser mais relax. O que é meu é meu. Exercitar o exorcismo da escorpianice. Hehehe. Neologismos à parte, é o que eu preciso fazer. Também preciso reaprender o papel da vírgula no meu texto. Ok, tem hora que é estilo e tem hora que é erro. Mas eu acho que ando exagerando. Como em tudo que faço.


O que nunca é demais é amar. Isso tem que ser sempre mais. Muito mais. Meus filhos, minha mulher, meus amigos, novos amigos e os inimigos também. Amar inimigos é tratá-los cada vez melhor, ou seja, tratá-los com desdém. Sai escorpião!!!


Retomando, como não falar de Piaf?


Não é o melhor filme do ano. Mas é um daqueles filmes que você vai rever pro resto da sua vida. Em pequenas partes. Quando quiser ouvir aquela voz rasgada e sofrida gritar por você que não lamenta porra nenhuma e que faria tudo outra vez. Quando quiser chorar de emoção e ter certeza que mais forte que as porradas que a vida dá, é a capacidade que temos de levantar a cabeça e olhar de frente para tudo e dizer: foda-se! Estou de pé e isso é o que importa!


Como não falar do Bernardo? Ele aprendeu a ler!!! Esse foi o melhor presente de natal que eu ganhei na minha vida! E vou chorar mil vezes, cada vez que lembrar do sorriso dele com um olhar marejado dizendo que aprendeu a ler pra me presentear. Filho, o meu presente é você. Eu te amo enlouquecidamente e quero ver você cada vez mais brilhante.


Enfim, amigos...o ano acabou! Agora é peru, rabanada, família, prosecco e praia. Não necessariamente nessa ordem e nas mesmas quantidades. E quando você pensar que não tem mais nada pra acontecer, a vida ainda te dá de presente um amanhecer fantástico pra olhar da sacada, com um sorriso no rosto e brilho no olhar!


Feliz Natal e um 2008 do caralho para todos nós!


Tim, tim!!!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Só pra não perder o hábito

Ainda não achei o tom do blog. Depois de uma avalanche de textos, que eu considerei medianos, deu um branco. E agora? Alguns amigos voltaram a acessar. Com o tempo, sem atualizações, acabam esquecendo. Como manter um ritmo regular? As palavras visitam minha mente. Mas se vão rápido. Visita de médico. Fogem do papel, ou sendo mais moderno, da tela do computador. Os temas se apresentam e são sumariamente reprovados. Comportamento? Política? Dúvidas existenciais? Nem eu mais aguento....no blog antigo, rolava uns comentários culturais. Minha vida cultura anda pobre. Tenho lido pouco. Visto nada de relevante no cinema. Ouvido muita música, mas me sinto despreparado para comentá-las. Sinto saudade de textos mais inspirados. Do tipo que me dão um certo orgulho até. Tenho alguns deles na memória. Tá faltando um olhar mais atento para o mundo. Sim, porque eu tenho olhado muito pra dentro. E vamos combinar, ninguém merece ficar lendo sobre as angústias de um quase quarentão. E eu que nunca fui de angústias.
Os gêmeos fizeram aniversário. Felizes com os 7 anos. Perdendo definitivamente os formatos da primeira infância. Lendo. Muito. Thanks god.
O Bernardo está na luta diária para o ingresso no mundo dos letrados. Isso tem me preocupado. É muito difícil lidar com a dificuldade. Com o defeito de fábrica. Com a guerra incessante para recuperar o tempo que não veio pra ele. Aceitar. Lidar. Interagir.
O João desponta para uma pré-adolescência. Mostra hábitos próprios. Opiniões. E sem me surpeender, começa a assumir uma atitude cuidadora com o Bê. Muito bonito isso. Ao mesmo tempo, preocupante. Tendo à poupá-lo dessa responsabilidade. Mas é instintivo. Graças à Deus, novamente.
Caramba! Isso virou diário? Na falta de pauta, vai assim mesmo.
A seca derrete nossos miolos. Brasília parece um grelha. Estalando. Até os pernilongos fogem do tempo árido. E se escondem no meu quarto durante a noite. Nunca imaginei dormir numa cama, de repelente. Foi a única forma de pegar no sono.
Desculpem-me leitores. Eu precisava desenferrujar os dedos. Escrever bobagens que fossem. Tentar trazer de volta, as palavras que teimam em dar uma passadinha e seguir adiante. Prometo textos melhores e mais inspirados.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A santa e o canalha


Na verdade, a devoção não estava nos meu planos. Comprei a imagem porquê lembrava meu pai. Era uma maneira de mantê-lo por perto de uma forma materializada. Com o tempo, passei a rezar. Pra acalmar. Pra pedir. Pra agradecer. Nem sei como funciona bem essa coisa de devoto. Santa de Devoção. Parece título de livro do Jorge Amado. Com o tempo, a santinha me passava conforto espiritual, e eu conceituei o termo.


Aí entra o canalha. Pérfido bandido que essa hora ri solenemente de nossa cara. De nada valeu nossa indignação. De nada valeram nossos protestos. Muito menos valeram as evidências grotescas. O pulha se escondeu atrás da imagem da MINHA santa. A Nossa Senhora que alivia e conforta aos que crêem. São milhares. Descontada a minha passionalidade, isso me irritou mais do que todo o resto. Foi como trazer crianças para um bordel, para justificar a sacanagem.


Não que eu tenha me surpreendido. Muito pelo contrário. Infelizmente, tudo que posso transmitir aos meus filhos é que não confiem em ninguém que esteja na política. Se esse alguém for do PT então, corra dele como se fosse a encarnação do bicho papão. Mas não me surpreender, não impede que eu me emputeça!

Ri hoje de mim, de vocês, do Brasil, não só o canalha em questão. Ri lá longe nos países nórdicos, toda a corja e seu chefe supremo. Cúmplice. Conivente. Covarde. Mil caras. Uma para cada pagador. Exemplo supremo da impunidade. Arauto da lei de Gerson, que tanto tentamos combater. Há se de pensar somente nas vantagens. Fins camuflados justificam qualquer meio.


Chora na basílica, a santinha. Envergonhada e indefesa. Nossa Senhora de Nazaré, do Pará, do MEU PAI e do Brasil. Deveria chorar eu, de raiva. Pela santinha, pelo meu pai, mas principalmente, pelos meus filhos, que mais uma vez e tão cedo, se verão descrentes nos mandatários do país.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Em breve!



Desde criança eu gosto de coisa nova. Roupa nova. Brinquedo novo. Casa nova. Amigo novo. Nunca resisti às mudanças. Sonhava acordado, com as milhares de casa que meus pais visitavam pra comprar. Acho que isso era meio programa da década de 70. Depois vieram os apartamentos, as coberturas e enfim. Mas deixa eu voltar ao assunto....

Adorava um caminhão de mudança descarregando na vizinhança. Logo dava um jeito de descobrir quem eram, quantos eram e que idade tinham. Rondava a casa até me apresentar. Ficava orgulhoso de trazer o amigo novo pra turma da rua.

Comércio novo, então. Enfrentei multidões, ainda bem menino, pra conhecer no primeiro dia os vários hipermercados que inauguravam na cidade. Vi o elefante do Jumbo e o canguru do Romcy.

Cinema, tinha que ser na estréia. As filas davam voltas no quarteirão, mas eu tinha que ver o filme dos trapalhões no primeiro dia. Ver. Porquê não se ouvia nada. O nosso cinema ainda era jurássico, e o barulho infernal da multidão de adolescentes e crianças gargalhando com as palhaçadas do Didi, impediam que entendêssemos o que era dito.

Mudei de cidade. Novos amigos. Finalmente um apartamento. Escola nova. Festa estranha, e eu era o esquisito. Só eu sei o quão difícil foi. Pra qualquer um, eu estava me adaptando muito bem. Mas eu sofri pra caralho. Bola pra frente, cara, que você é capaz.
Depois disso, a coisa virou festa. Outra escola. Faculdade. Outra faculdade. Emprego.

Dono do meu próprio nariz, acho que desde sempre, fui conhecer o mundo. Não mochilei. Porquê cedo, resolvi ter responsabilidade. Ah, doce ignorância. Deveria ter flanado mais por aí. Mas tudo na vida tem sentido, e eu sei exatamente o porquê de cada coisa. Rodei bem. Mesmo tendo casado cedo.

E filho? Quando eu achava que o terceiro não seria novidade, tratei logo de arrumar um quarto pra vir junto. As doces e adoráveis criaturas me surpreendem diariamente. É a melhor parte.

Aí perdemos as contas. Carro, apartamento, outro apartamento, casa. Cachorro. Piscina. Alguém acha que é fácil manter uma piscina limpa???? Admirável mundonovo. Para mim pelo menos. Churrasqueira? Somos tão amigos quanto árabes e palestinos.

E agora? Resolvi ter medo do que vem por aí. Tento me convencer diariamente que eu devo estar doente. Me recuso diariamente a acreditar que isso seja doença. Tento não pensar. Penso o tempo todo. Idade? Não!!! Pára com esse papo, rapá. Excesso de responsabilidade? Talvez.

Já me imaginei jogando tudo pro alto e deixando ver como é que fica. Imaginando os comentários e a cara de espanto das pessoas. Surtou. Só pode. Irresponsável. Doidivanas. Quero gargalhar. Chorar. Correr. Ah, resolvi correr mesmo. Já estou correndo 15 minutos por dia. Pretendo correr uma meia-maratona. Adoro esses desafios.

Tem que ter calma e frieza. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Sou um só pra lidar com isso. Vou tentar me convencer que eu sou o que a minha chefe me descreveu: Gelado. Não sei se isso é elogio. Ela usou como se fosse. Devo acreditar?

Acompanhem as cenas dos próximos capítulos. Podem ser emocionantes como um filme de Spielberg. Engraçados como as peças do Miguel Falabella. Parados como os filmes do Bergman. Contagiantes como um show do Fat Boy Slim. Intrigantes como os episódios de Lost. Ê, que mania de achar que minha vida é um épico....hehehehe....tenho isso desde criança, mas vou deixar esse tema pra outro dia. Chega desse festival de egocentrismo. Fica para um dia que não tenha assunto melhor.

Fui!

domingo, 9 de setembro de 2007

É bonita, é bonita e é bonita!



Domingão. Aquela canseira no corpo. Mas com a alma novinha em folha. Nada melhor que estar com amigos. Sou absolutamente felizardo nesse quesito. Com ou sem limites, cada um deles preenche cada canto do meu coração. Vindos das mais diversas procedências, novos ou velhos, cada um deles virou amigo da mais recente infância.

Churrasco ou sushi. Sambão ou Robbie Williams. A trilha sonora da minha vida é recheada de coros e coreografias. Vozes descompromissadas e desencontradas, unidas pelo puro desejo de ser feliz e celebrar. Essas são as melhores comemorações. Comemoram o encontro, as afinidades, o carinho, o cuidado. Sim, nada melhor que ter amigos que cuidam. Que se deixam cuidar. Que servem e se deixam servir. Nas pequenas gentilezas, a gente renova o espírito pra labuta interrompida.

Meus amigos, boa semana! E lembrem-se que estamos todos aqui. À disposição. Para balada, para a conversa. Mas principalmente, estamos sempre aqui para sermos felizes juntos.
Drica, a jaca estará sempre vestida.







sábado, 8 de setembro de 2007

A vida continua


Algumas coisas que fui descobrindo no decorrer do dia sobre a ressaca:



  1. Tenha crianças em casa. Elas conversam muito de manhã. Perguntam. Perguntam. Perguntam. Isso faz o seu cérebro tentar funcionar. Por mais que ele ache que o mundo acabou.

  2. Almoce no McDonalds.

  3. Coma um Sundae do McDonalds. Você começa a perceber que existe vida após a ressaca.

  4. Faça compras. Cuidado com esse item. O seu cartão de crédito pode sair seriamente prejudicado.

  5. Durma. Aquele sono reparador da tarde.

  6. Não escreva nenhum blog. Porque senão, a porra do texto vai ficar martelando na sua cabeça, e vc vai acordar muito antes do necessário pra postar alguma coisa boba como isso aqui.


Fora de combate


Ontem teve um churrasco aqui em casa....

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Brava gente brasileira!


Não há como escapar do ufanismo. Por mais dilacerada que esteja nossa pátria mãe gentil, basta olhar os ipês amarelos brilhando no Eixão, olhar pra esse céu azul anil, pensar na feijoada de sábado, ouvir a Fernandinha Abreu e encher o peito de orgulho pra gritar: EU SOU BRASILEIRO!!!



Hoje de manhã, os meninos participaram de uma parada de 7 de setembro. Éééé...igualzinha que nem no nosso tempo. Ok. Não estavam exaustivamente ensaiados. Não usavam uniforme de gala. Nem ao menos, ensinaram como segurar a bandeira, àqueles que a portavam (falo disso, porquê sempre fui o mais alto da turma, e consequentemente era sempre escalado para desfilar com a flâmula verde amarela...e como escorpiano legítimo, me amarrava no destaque). Mas o som da banda marcial, e o sorriso na cara dos pequenos, foi o bastante. Tinha baliza. Tinha representantes de todos os Estados do país. Tinha garoto fantasiado. O meu Pedro, estava de Irmão Hilário, um ex-diretor do Maristinha. Sim, a parada também celebrava o aniversário da escola. Eu acho isso do cacete. Criar nessa molecada, um sentimento de civilidade e corporativismo. Fazê-los sentir que fazem parte de um todo.



Amanhã, independente de posição política e ideológica, esqueçam os políticos que desgovernam nosso país e nos enchem de vergonha. Esqueçam os Luis Inácios, Renans e Josés Dirceus. Vamos celebrar as Daianes, os Robinhos, os Caetanos e os Fernandos (Meirelles, camarada, Meirelles...) que nos orgulham tanto. Vamos celebrar esse povo que sorri na marra, e mantém o bom humor à despeito de tudo. Mais que a pátria, festejemos essa gente que aqui habita e faz desse país o melhor lugar do mundo!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Paulão, adivinha quem eu tô comendo?!?!



Bicho besta e esquisito é o tal do homem. Não nos satisfezemos simplesmente em ter, possuir, vivenciar, usar ou ganhar. O grande prazer de nossa vida está em mostrar ao mundo o poder que temos, por mais risível que ele seja. As mulheres, por sua vez, precisam aprender a lidar com isso e entender que cão que ladra não morde. E quem quer morder, não faz alarde.

Hoje pela manhã, a porradaria comia lá em casa. O motivo: Bernardo recebeu um convite para o aniversário de um colega. Só ele. Só ele vai. E ele, não satisfeito, passou a tarde alardeando e esfregando o convite na cara dos irmãos. É. A coisa é inata. Vem do berço. Low profile é um termo que desconhecemos. Nos apraz muito mais, alardear o poder, que simplesmente exercê-lo. Vide a velha piadinha da última palavra da casa: Sim, senhora!

Concordo que nem todos são assim. Os mineiros comem quietos. Aliás, o Aécio não deve ter nascido em Minas....muitos são tímidos. Outros tanto, nem tem o que contar. Mas no fundo, cada um quer dividir, com um desconhecido que seja, suas conquistas. Ou quem nunca foi abordado num boteco pé-sujo, por um completo desconhecido, que quando vemos está desfraldando toda sua vida entre um copo e outro de cerveja.

Nisso diferimos das mulheres. Não que elas não gostem de ostentar. Mas o triunfo delas é outro. A última lipo. A última peça de roupa, comprada numa pechincha (homens jamais admitem que compraram na liquidação, mulheres em compensação, nunca pagam o preço de lista). O corte de cabelo. Quem estão pegando, só contam pra amiga mais íntima, e de preferência depois do quinto encontro.

Os maiores de 30 certamente lembraram do Fórum da Ele e Ela. Nem a Nova, consegue algo parecido. E olha que a Nova é revista de e para mulher cachorra. Sem nenhuma conotação pejorativa, leitoras. Já os homens, não só escrevem contando, como inventam pra caralho! Fantasiam e transformam a mais comum das mulheres, na Angelina Jolie de plantão.

E aí? Vou contra a natureza masculina e tento "educar" os garotos? Não pensem que não tento. Explico. Castigo. Peço. Imploro. Mas acho que é sem convicção. Porquê lá no âmago, eu entendo a razão deles. Quer dizer, a razão não, porquê não é nada racional. É instintivo. Tal e qual, mijar de pé!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Vamo organizar, geeente!!


Lidar com a diversidade é pré-requisito essencial para o ser humano que vive no século XXI. Ford reviraria na tumba se soubesse em que se transformou a paleta de cores de seu lançamento da década de 20. Hoje, o básico vem em três opções, sendo que em duas você pode optar por um combo associado.

Quatro filhos, um iPod com 4.000 músicas, e 13 km até a escola, dá uma combinação e tanto. Não que tenham gostos muito diferentes. Ainda. Na média, curtem a mesma coisa. O problema é o momento. Cada um tem o seu. E embora não desgostem da música que A pediu, B quer ouvir outra. O exercício de negociação começa cedo lá em casa. Acho que quando aposentar, posso montar um curso básico desses que as multinacionais pagam fortunas para serem administradas para seus executivos. Organizam-se as vontades. Mede-se o tempo. E eu me sinto como o programador de uma rádio AM, atendendo à pedidos. Só falta dedicarem à todo o pessoal do Lago Norte e do Paranoá.

E hoje, ainda no momento filho, um daqueles instantes que a gente deveria congelar, fotografar e guardar no álbum da nossa vida, para todo o sempre:

Eu e Pedro, tomando sol na piscina. Sabadão. Cerveja gelada, que ele providencialmente me serve.

- Pai, eu sou o filho da mãe mais sortuda do mundo!
- Porquê, filhão?
- Porquê ela é casada com você!

Preciso de mais alguma coisa pra ser feliz?

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

De volta...




Um dia as palavras, há muito contidas, teimam e saltam da boca do autor. É uma doideira isso. Estavam mansas. Dormentes. Caladas. À espreita, aguardando um momento de descuido. Ensaiaram diversas vezes. Chegaram a organizar-se em bloco e levantar bandeiras. Mas a preguiça, o desânimo e a absoluta falta de vontade de se mostrar, vetaram suas passagens. A sorte ou não, é que o peito é finito e uma hora explode. Já não há foto, música, vídeo ou página de internet, que seja suficiente pra mostrar ao mundo que eu estou aqui. Aí, resolvi voltar.

Não sei se vou avisar aos amigos. Talvez isso fique por aqui. Ainda à espreita. Testando a persistência dos poucos amigos que visitavam o espaço em busca de informações, comentários ácidos, história de crianças, comentários sobre música, cinema, televisão e política.

Talvez, eu avance num projeto que tem me tentado. Transformar a página numa vitrine sobre sentimentos e percepções de um homem, pai, marido, amigo e profissional, de quase 40. É muita coisa ao mesmo tempo agora.

Andaram dizendo por aí que eu estava em crise. A tal famosa. Mas ainda falta mais de ano....mais precisamente, 1 ano, 2 meses e 9 dias. Não descarto a hipótese. Já falei muito disso por aqui. Muita responsabilidade. Mas muita felicidade. Muita pressão. Mas muita realização. Muita labuta. Mas muita alegria. E tempo. Muito tempo. Mais tempo que se passou e acrescentou.

Fui no médico. Afinal de contas, a química e a indústria se deram às mãos e embalaram em caixinhas minúsculas com uma listra preta no meio, pílulas de felicidade. Não pra mim. Me deu sono. Preguiça. Apatia. Talvez não fosse o remédio indicado. Talvez eu não estivesse precisando. Talvez devesse voltar e contar isso pra doutora.
Talvez eu não sirva pra esse tipo de coisa, isso sim!

Pra variar, ACHO que estou resolvendo a parada sozinho. Ou melhor, sozinho nada, porquê eu não nasci pra fazer nada sozinho. Muito menos esse papo de me bastar. O que se deu é que eu resolvi abrir as janelas que estavam cerradas. E deixei a vida correr de novo nas minhas veias. Afinal, já cantei muito com o Robbie Williams “cause i got too much life running through my veins!”.

Pra começar, muita música. Música nova. Funk, rock, hip hop. Abri os ouvidos pro som que vinha da boca dos meninos. E veio Akon, com o hit martelante “Dont matter”. Vasculhei o ipod e vieram novos velhos hits lado B. Redescobri Fine Young Cannibals. Muito Nando Reis. Sim, desde que eu te vi eu te quis. Quis te raptar e fiz um altar pra te receber. O som entranha, o pulmão cresce e lá vou aos berros no carro. Cantando e dançando. O André contribuiu. Sim, o velho até que anda antenado. Veio Lascivas Lulas. Talvez, a grande descoberta do ano. Minha. E dele. Porquê de resto, a mídia ainda está celebrando o fim do Los Hermanos.

Voltei a malhar. De verdade. Com música. Não podia ser diferente. Minha vida tem trilha sonora, e isso não é segredo pra ninguém. Organizei playlists. Calculei movimentos. Cronometrei o tempo. E mudei de academia. Porquê tanta modernidade não combinava com o muquifo onde eu estava malhando. Saí da piscina. Me dei ao direito de não querer entrar em água fria. Vai fazer falta. Volto depois. Entrei numas de ficar sarado. Olha lá a crise...hehehehe.

Onde vai dar isso? A Renata acha que pode ser euforia pós-depressão. Eu prefiro acreditar que era fase. Igual ao clima de Brasília. Secura. Vontade de parar pra descansar embaixo da árvore. E que mal faz?