quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Balanço Final


Foram boas as rabanadas e melhor ainda, o espumante. Passion. Cor da vida que a gente quer. O texto de sempre. O rito de sempre. Pequenas sutilezas dando a cara e o tom desse natal de 2007. A família em versão pocket, o calor nem tão escaldante do Rio de Janeiro, as crianças absolutamente convencidas do formato "poucos presentes e muita emoção". Ganharam livros. Como no ano passado. Como todos os anos enquanto eu viver. Falei isso pra eles e não vi nenhum sinal de descontentamento. O Bernardo quis repartir o pão. Logo ele, que detesta as aulas de ensino religioso, pelo visto aprendeu bem o sentido da coisa. O sentido da comunhão. De almas e histórias. Vamos combinar que a data é triste. Sei lá porquê, mas não me lembro do último natal de felicidade plena. Por mais que estejamos com os nossos, martela uma dorzinha do fundo do peito que se encarrega de manter os olhos constantemente marejados. Quando toca "and so this is christmas" então, disfarça e chora pra não ter que se explicar pra quatro figurinhas que ainda, graças à Deus, só vêem alegria nessa noite.


Agora vem a reta final. Onde a coisa mais pesa. Se a noite de 24 foi só saudade, a de 31 é de olhar pra frente. Estabelecer metas. Agradecer o que passou. Lavar a alma. Eu lavei antecipadamente na praia, já que estarei no Planalto Central. Nunca me liguei nessas coisas de mar lavando nada além da sunga mijada, mas esse ano entrei no mar repetidas vezes e senti que à cada vez saía mais leve. Acho que eu busquei essa purificação. Larguei no mar gelado da Barra da Tijuca um monte sentimentos ruins. Pedi aos deuses paciência. Sabedoria. Tranquilidade. Paz. Confiança. Acho que juntando isso tudo, dá pra ter um ano muito bom. Não busco mudanças radicais, mas acho que precisamos todos de uma chacoalhada. Pra terem idéia, já me passou até pela cabeça um retiro espiritual. Pra quem me conhece, sabe que o próximo passo é o surto total. Nada que um Rivotril não resolva.



É a hora das listas. Dos melhores e piores momentos. De separar nas gavetas o que foi bom e o que foi ruim. Todo mundo sonha em ficar empurrando a primeira gaveta que não quer fechar. Mas normalmente, as duas fecham fácil. Eu tenho tido dificuldades de classificar. Ando numa fase pollyanna, e consigo ver coisas boas em tudo. Um saco isso. O escorpião sempre em busca de uma presa para destilar o seu veneno.



O que foi bom? Novos amigos. Sempre. Laços firmados para toda a vida. O corpo. Mereceu cuidado especial e respondeu à altura. Saúde foi o ponto forte. Trabalho. Muita labuta, muita pressão e um resultado espetacular. Queria minha parte em dinheiro, mas me conformando com o reconhecimento. Ponho na conta pra cobrar mais tarde. Bernardo. Foi muito bom vê-lo respondendo à todas as terapias e lendo ao final do ano. Parabéns para todos nós, envolvidos e comprometidos com essa causa.




O que foi ruim? A distância de amigos. Saudade. Os excessos. Pouca leitura. Pouca viagem. Pouca escrita. Muito pouca. Eu diria que emburreci um pouco em 2007. Saudade dos saraus. De papos inteligentes. Nenhum filme maravilhoso. Nada pra guardar pra sempre na lembrança. Nenhuma canção pra entrar na lista das 20 da vida inteira.




Aliás, acho que essa foi a característica mais marcante de 2007. O ano do instant tudo. Tudo fez sentido por 10 minutos. Blogs, flogs, programas de relacionamento virtual. Já não recebo tantas ligações. Tudo agora é scrap. O email me alcança no blackberry. Os amigos se formam em comunidades virtuais. Bons amigos, é verdade. A rede mundial virou uma praça de encontros. Tudo se discute por e-meios. Briga-se. Faz-se as pazes. Discute-se a relação. Juntam-se os cacos.


Queria ter ficado mais no Rio. O sol estava me fazendo muito bem. Pedalar na beira da praia, sentindo o vento batendo no rosto, ipod no ouvido e pensamento nas alturas. Aquela cidade é mágica, mas isso é tema pra outro texto.




Tenho a nítida sensação que ainda tem muito a ser escrito. Ainda em 2007. São ondas de inspiração. A dor no peito não passa rápido. Não nessa época do ano. Então, desconto no teclado e nos ouvidos dos que se aventuram a ler isso aqui...rs. Boa parte vai pro lixo. Talvez devesse ir ainda mais. Mas agora me sinto mais à vontade. Não aviso mais ninguém. Quem entrou aqui, o fez porque quis. Só posso agradecer e pedir paciência. Textos melhores virão. E eu ando sem grana pra pagar uma terapia.





3 comentários:

Anônimo disse...

É verdade, escrever faz um bem danado! Vale algumas sessões de terapia...

Anônimo disse...

Eu.

Anônimo disse...

Voce é genial, moço.
Parabéns pela singeleza com que voce resume a vida.
Cheguei aqui por acaso...
E vou ficar. Serà que posso?
Eu conheço a Re... nao sei se voce se lembra de mim.
Abraço forte, virtual, mas sincero.
LuLu.