domingo, 24 de fevereiro de 2008

Encerrando a história


Não quero parecer novela do SBT que é retirada do ar sem maiores explicações. Portanto, em respeito aos leitores que acompanhavam a nossa viagem, vou encerrar a narrativa.


Sexto dia, Busch Gardens. Uma hora e pouco de viagem de Orlando. Aquela estrada reta, lisa, monótona. Nenhum buraquinho. Nenhuma ultrapassagem perigosa. Nenhum carro velho atravancando a pista. Ou seja, muito monótono.


O parque estava vazio. Se não fosse por meia dúzia de velhinhos que tinham ido prestigiar um show de uma big band, seria inteiramente nosso. O Busch Gardens é um grande zoológico, rodeado por montanhas russas. À cada temporada, quando não há mais nada para inventar, aparece uma nova. Cada vez mais ousada, mais adrenalizante, mais estupidamente emocionante. Oito loopings, sete descidas em espiral, pernas ao vento, mais loopings, quedas vertiginosas, arrancadas de proporções espaciais e um ser humano pálido e nauseado desembarcando três minutos depois, com cara de uma fruta centrifugada, mas feliz! Vá entender....pagamos, e caro, para nos submetermos à isso.


Essa montanha russa da foto abaixo foi a última da viagem. Depois disso, caí em mim, e percebi a estupidez da coisa. Deu. Na próxima viagem, quem sabe. Mas suspeito que a idade é inversamente proporcional à nossa disposição para passar por esses dissabores. Nos postamos sentados numa cadeira, pernas ao ar, tal e qual uma camiseta pendurada num varal. O troço sobe, sobe, sobe e pára. O tempo de rezar uma Ave-Maria. Um pequeno movimento e ela gira 90 graus, e pára novamente. Você, à uma altura de uns 100 metros, e o chão. Frente à frente. Daria pra rezar uma Salve Rainha, mas tudo que você consegue é pensar na infeliz da mãe rampeira do escroto maldito que projetou aquele brinquedo insano. A queda. Repentina. Veloz. E o caralho mais bem pronunciado da sua história de vida. Acabou? Nada. Mais uns loopings, subidas e descidas que essa altura pareciam brincadeira de playground de brinquedoteca de shopping, outra parada, outro giro de 90 graus, você de volta ao face to face com o chão, aquele puto seu conhecido, e nova queda. Dessa vez, mais veloz, e encontro à um espelho d'água onde surpreendentemente a gente não encosta. Agora sim. Fim. Crianças aos berros de "quero mais". E eu, único adulto demente à participar dessa aventura, em busca da porta da saída e do resto de sanidade mental que ainda pudesse aproveitar. Não adianta. Não há mais nada a falar do parque. Tudo se resume nessa experiência única de encontro com todos os seus medos, teoricamente protegido pela excelência americana.


O dia seguinte, sexta-feira, fomos à um dos melhores parques da cidade. Prime Outlet. Diversão total. Surto consumista desenfreado no seu estágio mais alto. Diversão garantida. Graças à ajuda da Nívea, nossa amiga residente no local, a Renata desembestou a comprar. E como comprou. Sapato, bolsa, cinto, e roupa. Muita roupa. Apesar de insistência da Nívea para irmos ao Millenia, segundo ela "o meu shopping", em nome da saúde financeira da família nos próximos cinco anos, preferi me abster. E eu, que já tinha dado por encerradas as minhas aquisições, consegui cometer mais algumas necessidades básicas. De lá, passamos na casa dela, conhecemos o adorável Anthony, revimos o sempre muito gentil Márcio (o marido da Nívea) e fomos pro Magic Kingdom, ver a parada noturna. Nós e a torcida do Flamengo, do River Plate e do New York Nicks. Parque absurdamente lotado, após um dia de compras, não podia dar em nada muito bom. Foi o tempo de ver os fogos e ir embora. Deixamos parte do grupo no hotel, voltamos na casa da Nívea para buscar as malas que tínhamos deixado lá, ainda tomamos uma cervejinha, e cama!


Último dia: Universal Studios. Brinquedo do ET, Tubarão, Shreck. Excelente. Nenhum comentário adicional. Exaustos. Só pensávamos no retorno. Que foi tranquilo. Com direito à nova escala no Panamá, umas últimas compras no free shop local e um vôo para Manaus. Fim da epopéia. De volta ao Brasil varonil. Com todas as suas falhas e discrepâncias. Com toda a morosidade dos serviços. Com preços sobretaxados violentamente por impostos que não vão dar em nada. Mas, o nosso país! Que felicidade ouvir o bom e velho português. Não há nada melhor que a nossa casa. Mesmo que ela seja suja e dessarumada. É o nosso canto. O nosso sorriso. A nossa malícia. O nosso calor.


Pra fechar com chave de ouro, vou transcrever abaixo um comentário da Bel, nossa companheira de viagem, sobre o piripaco que Renata teve no Mission Space (ver blog do segundo dia de viagem):


Como INTEGRANTE desse grupo e testemunha ocular do "siricutico múltiplo" da Rê, quero registrar que o Marcus economizou nos detalhes! É importante deixar registrado tudo que ela gritou a plenos pulmões: "Não dá!", "Me tira daqui!", "Abre essa porta!", "Abre essa porta!". E eu lá... com todas as minhas técnicas de relaxamento: "Rê, respira fundo! Fecha os olhos e respira!" Nada adiantou...Ela bateu no painel do simulador, chutou a cabine, esperneou!Finalmente uma boa alma abriu a porta.O pior de tudo???? Ficamos sem o comandante da nave! SIMMMMM ela era a comandante!!!Restou ao piloto (Eraldo) e a navegadora (Izabel) rezar para que conseguissemos voltar a terra sem a valorosa presença da comandante que surtou antes do lançamento.FOI MUITO BOM, Rê!!!!


Hoje é dia de Mengão no Maraca. Mais um título à vista!! E amanhã, se eu conseguir, preciso falar de "Queridos Amigos". É muito bom!! Necessário! Imperdível! E como diz a Val, "a minha cara"!






Nenhum comentário: