quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

The eye in the sky



As músicas entram na nossa vida de maneira interessante. Nem bem acabo de fechar a minha lista de 31, como que de repente, surge uma nova canção pra compôr a trilha sonora da minha vida. Basta um instante mágico, uma luz encantadora no ar, um cheiro talvez, uma risada anônima dada com vontade ou sabe-se lá que sentido mais apurado registrando alguma sensação, e pronto! A música se instala na nossa memória, e hoje isso significa entrar no meu iPod, e tocar infinitamente, como se querendo buscar na lembrança a repetição do momento, que muitas vezes nem lembramos direito qual foi. Daí, tenho cantado repetidas vezes "Believe me, the sun in your eyes made some of the lies worth believing....I am the eye in the sky looking at you i can read your mind".

Hoje, como de costume, acordei muito cedo. Aproveitei o tempo pra devorar o que me restava do "Ensaio sobre a cegueira". Chorei. Não sei se de emoção pela perfeição da obra que meus olhos devoraram, ou se de saudade dos personagens a quem acabei me afeiçoando. A mulher do médico, o primeiro cego, a rapariga de óculos escuros, a mulher do primeiro cego, o médico, o rapazinho estrábico, o homem da venda preta. Figuras sem nome próprio, mas dotadas de personalidade tão bem descritas, que construiu-se no meu imaginário toda a história da vida deles. Exagerado como sou e no auge dessa primeira saudade, elenco como o melhor livro que já li na vida. Olhar por olhos que não vêem. Imaginar um mundo privado de um dos cinco sentidos, onde é preciso apurar os outros quatro, mesmo que isso muitas vezes cause mais problemas que vantagens. Uma situação surreal, mas que entrou de tal forma no meu inconsciente, que por diversas vezes me peguei preparado para cegar á qualquer instante. Vale à pena cada linha. Deleita-se com cada construção de frase, cada diálogo, cada verbo conjugado. Como o próprio autor diz em determinado trecho, que diferença pouco notada faz na vida um adjetivo, um advérbio e um substantivo bem empregado. Agora me resta esperar o filme. Encontrar de novo os meus amigos e dar-lhes as feições que o Fernando Meirelles escolheu.

Estreando novo tema no blog, agora vou incluir por vezes, comentários gastronômicos, fruto dessa mania que eu tenho de comer bem. Ontem conheci o Templo Mediterrâneo, na 212 Sul. Ambiente de extremo bom gosto, agradável, próprio pra infindáveis conversas temperadas com uma caipirinha de frutas diversas e especiarias. A comida, deve-se dizer, parece mais saborosa no menu do que propriamente no prato. Não que não seja boa. Acima da média, eu diria. Mas falta-lhe um toque que o tranforme de alimento em experiência gustativa. De resto, foi uma das noites mais agradáveis. Excelente trilha sonora, parecia que feita sob encomenda pra mim. Um tributo ao U2, estilo lounge. Não houve quem arrancasse da gerente, o nome do CD. Mas eu vou pesquisar e aviso pra todo mundo.

Um comentário:

Ana Laura disse...

Concordo com vc em relação ao Templo. O lugar é delicioso, as bebidas exóticas e entradinhas... mas o prato proncipal deixa a desejar... Fiquei sem saber se valeria uma nova tentativa.
bjo.